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JANIO DE FREITAS
O problema onde está
Diz-se que os problemas do Brasil vêm da falta de reforma disso e daquilo; o problema é a extensão da falta de caráter
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O TEMPO , já cinco anos, não
atenua o pasmo diante do
despudor com que petistas,
no Congresso e no governo, adotam
atitudes que renegam todo o seu
passado, renegam portanto a eles
próprios, e invertem hoje tudo o que
ontem ensinaram a seus filhos, sustentaram à sua volta e pregaram publicamente em busca da confiança
alheia.
E esse espetáculo sem novidade é
tudo o que sobressai da novela emperrada em torno da usurpação de
mais R$ 40 bilhões da população,
sob o rótulo de CMPF, pretendidos
pelo governo com o argumento inverídico de ser dinheiro indispensável à continuidade de suas ações. Por
toda parte da administração, há verbas orçamentárias retidas pelo Tesouro, o Planejamento e a Fazenda,
imensos recursos disponíveis porque, a mês e meio do fim do ano, não
foram destinados às suas finalidades
previstas para os meses passados.
Verbas, inclusive, para atividades
essenciais.
O espetáculo do despudor de tantos petistas sobressai, mas, de fato,
ainda nos exibem outro. Sem novidade, também, apenas reiterado
com ênfase renovada. É a demonstração de que o governo e seus operadores políticos, se encontram congressistas que não querem se vender
para determinada votação, não têm
sequer a competência mínima para
jogar o jogo político, o das articulações e da negociação parlamentar.
Ou é a transação de corruptor e corrupto, ou é a sucessão de tropeções e
nonsense que se tem visto no Senado.
Diz-se, não é de agora, que os problemas políticos e administrativos
do Brasil vêm da falta de reforma política, reforma tributária, reforma
eleitoral, reforma disso e daquilo. O
problema mesmo, político e administrativo, é a extensão da falta de
caráter.
Duas datas
As águas do petróleo ficam mais
claras, menos poluídas pela contaminação marqueteira. A primeira
perfuração com encontro de petróleo na área Tupi, esta que é agora o
centro da grande revelação, tem já
dois anos. A segunda, que teve o
mérito de perfuração confirmatória da reserva petrolífera, foi feita
no ano passado.
O recuo
Se a bagunça a que os passageiros
estão sujeitos, ao precisarem usar
aviões comerciais, depende do "sistema aeroportuário deficiente" e
"do tempo", como disse ontem o
ministro Nelson Jobim, por que
sua pressão, pública e rombuda, para afastar os diretores da Anac,
contra os quais, exceto no caso de
Denise Abreu, não foi apontada irregularidade ou suspeita alguma?
Entre as poucas medidas adotadas por Nelson Jobim, das tantas
propaladas, figurou a restrição do
uso de Congonhas, em São Paulo,
para vôos com mais mil quilômetros. Era para evitar os numerosos
vôos com conexão naquele aeroporto. O limite foi ampliado agora
em mais 500 km. Por pressão das
empresas aéreas.
De duas, duas: ou o limite anterior não tinha sentido, e foi um erro; ou melhorava as condições do
aeroporto, e não deveria ser modificado por sujeição a pressões de finalidade comercial.
A bagunça não é criada só pelo
sistema deficiente e pelo tempo. É,
sobretudo, obra humana. E financeira.
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