São Paulo, terça-feira, 13 de novembro de 2007

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PF prende 20 suspeitos de fraudar licitações

Operação Carranca aponta desvio de recursos federais em convênios de seis ministérios com 55 prefeituras de Alagoas

Entre os detidos estão um assessor parlamentar, que foi preso em Brasília, e o coordenador do Dnocs no Estado, Cristiano Mendonça

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

MATHEUS PICHONELLI
FÁBIO GUIBU

DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Federal prendeu, em operação batizada de Carranca, 20 pessoas suspeitas de envolvimento em esquema de fraudes em licitações de convênios envolvendo seis ministérios e 55 prefeituras de Alagoas.
Entre os empreiteiros acusados de praticar diversas modalidades de fraude a licitações está Ronaldo Farias de Lacerda, dono da Lacerda Engenharia Ltda. A empresa tem contratos com a Prefeitura de Murici, administrada por Renan Calheiros Filho (PMDB), filho do senador Renan Calheiros.
O valor estimado do suposto superfaturamento em obras em 12 cidades soma R$ 20 milhões, diz a PF. A polícia chegou aos indícios após uma auditoria da CGU nos municípios.
Segundo a Folha apurou, a PF e o Ministério Público Federal suspeitam do envolvimento de políticos no esquema, o que deve ser apurado em um segundo momento do caso.
As investigações constataram fraudes em processos licitatórios, na construção com material de qualidade inferior ao especificado e em obras fantasmas ou executadas em extensão inferior ao contratado.
As empresas disputavam licitações de obras com dinheiro da União para órgãos federais e municipais e simulavam competição em várias modalidades. Há casos de empresas que disputavam o mesmo serviço e que tinham o mesmo sócio.
As investigações correm sob segredo de Justiça. Segundo a reportagem apurou, entre os detidos estão um assessor parlamentar, preso em Brasília, e o coordenador do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) em Alagoas, Cristiano Ezequiel de Mendonça, além de secretários municipais, um ex-prefeito e um vereador do Estado. Os nomes não foram divulgados.
Estão sob análise convênios entre prefeituras e os ministérios da Saúde, Educação, Integração Nacional, Cidades, Desenvolvimento Agrário e Turismo. As investigações demonstraram que os fraudadores procuravam dissimular a origem do dinheiro obtido ilicitamente por meio da aquisição de imóveis de luxo, fazendas, gado.
Os grupos atuaram em Murici, Batalha, Palmeira dos Índios, Água Branca, Traipu, Marechal Deodoro, Major Isidoro, Mato Grande, Matriz Camaragibe, Viçosa, São Luiz do Quitunde e Tanque D'Arca. Segundo a PF, o esquema funcionava desde 2005. A Justiça emitiu 51 mandados de apreensão em Maceió e outros em Alagoas, além do DF. Também determinou o seqüestro de 31 imóveis, 35 veículos e o bloqueio de contas bancárias de 18 pessoas.


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