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Ministro do TCU fez pedidos de emprego, afirma ex-secretário
Em depoimento à sindicância do tribunal, preso durante operação da PF diz que Campelo entregou-lhe currículos
Chefe administrativo na
gestão do ministro diz que
enviou mais de mil nomes à
firma de vigilância no TCU;
comissão vê infração legal
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-secretário-geral de administração do TCU (Tribunal
de Contas da União) Antônio
José Ferreira da Trindade, preso em 2004 pela Operação Sentinela da Polícia Federal, disse
que entregou aos donos da empresa de vigilância contratada
pelo tribunal currículos enviados pelo então presidente do
órgão, o ministro Valmir Campelo, de pessoas a serem contratadas pela empresa.
Trindade, que não soube dizer se as contratações foram
efetivadas, deu as declarações à
comissão de sindicância criada
pelo TCU após a operação da
Polícia Federal. Segundo a comissão, o envio dos currículos
por Trindade e os outros servidores do tribunal a Robério
Bandeira de Negreiros, dono da
empresa de segurança Brasfort,
foi uma infração ao estatuto do
servidor público federal.
"A intervenção desses servidores junto à empresa contratada pelo tribunal, com vistas a
obter empregos para terceiros,
caracteriza infração ao disposto no inciso 9 do art. 117 da lei
8.112/90, punível com demissão, nos termos do inciso 13 do
art. 132 da mesma lei", concluiu
a comissão.
Contudo, no acórdão (decisão colegiada) que tornou públicos os achados da comissão,
votado pelo TCU em março de
2006 sem a presença de Campelo, nada é referido sobre a suposta conduta do ministro.
Segundo Trindade, Campelo
teria entregue os currículos em
2004, quando presidia o tribunal. Trindade e os três servidores foram investigados por supostas fraudes em duas licitações em 2003 e 2004, incluindo
a vencida pela Brasfort.
A sindicância resultou em
um processo administrativo
que levou ao cancelamento da
aposentadoria de Trindade, há
cerca de três meses.
"O sr. Trindade declarou à
comissão de sindicância que
"logo após a assinatura dos contratos relativos à concorrência
7/2003, encaminhou ao sr. Robério mais de mil currículos de
pessoas interessadas em trabalhar como terceirizados no
TCU". Confirmou, também, ter
continuado a "receber e a encaminhar currículos no decorrer
na execução contrato'", afirma
o acórdão do TCU.
Segundo a comissão de sindicância, Trindade "consignou,
em seu depoimento a esta comissão de sindicância, ter entregado à Brasfort currículos
que lhe haviam sido encaminhados pelo Exmº sr. ministro
Valmir Campelo, então presidente do Tribunal".
O acórdão transcreveu o que
Trindade teria dito à comissão
de sindicância: "A segunda visita à Brasfort destinou-se a entregar currículos ao sr. Robério;
nessa ocasião esses currículos
lhe haviam sido encaminhados
pelo presidente do Tribunal; no
encaminhamento desses currículos não houve pedido do presidente para que fosse excepcionado o critério que vedava a
contratação de parentes de servidores e autoridades; o presidente deixou claro que não estava impondo a contratação;
esses candidatos deveriam ser
submetidos a testes com o mesmo grau de dificuldade de outros candidatos; não sabe dizer
se esse encaminhamento resultou em contratação, pois o mesmo foi feito poucos dias antes
de sua prisão".
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