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Planalto facilita liberação de verbas para parlamentares
Governo permite empenho dos recursos antes mesmo da avaliação técnica dos projetos
Vice-líder do governo diz que novo sistema permite que deputados e senadores digam nas suas bases que União já empenhou verbas
FERNANDA ODILLA
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério do Planejamento alterou nesta semana o sistema de liberação de emendas
parlamentares, permitindo o
empenho dos recursos antes
mesmo da avaliação técnica
dos projetos beneficiados.
Até o dia 10 deste mês, quando passou a vigorar a nova regra, foram empenhadas emendas de 84 congressistas que somam R$ 30 milhões, segundo
levantamento da liderança do
DEM na Câmara. Esse montante deve triplicar nas próximas duas semanas.
Pressionado por deputados e
senadores insatisfeitos com o
atual modelo de empenho, o
Planalto facilitou a liberação de
emendas no momento em que
precisa de votos para a aprovação dos quatro projetos do pré-sal e do Orçamento 2010.
Antes da mudança, para receber os recursos federais, governos, prefeituras ou entidades beneficiadas com emendas
parlamentares precisavam cadastrar um projeto no Sincov
(Sistema de Gestão de Convênios e Contratos), que autorizava os empenhos somente após
análise e aprovação da proposta pelo ministério responsável.
Desde a última terça, segundo o Planejamento, o sistema
possibilita empenhos antes da
análise técnica. Assim, os parlamentares têm a garantia de que
os recursos para suas emendas
estarão reservados, independentemente da qualidade dos
projetos. Quando um recurso é
empenhado, a administração
assume o compromisso de pagamento. Não significa que o
dinheiro será de fato liberado.
O Planejamento informa que
alterou o sistema para dar agilidade à execução orçamentária,
mas pondera que os contratos
continuam sendo assinados só
após a aprovação do projeto.
Apesar de os empenhos deste
mês terem beneficiado 16 deputados da oposição, foram os
aliados quem mais comemoraram a nova sistemática. O deputado Beto Faro (PT-PA), um
dos congressistas que mais ganharam com os empenhos até o
dia 10 (R$ 1,2 milhão), disse que
apoia a mudança e tem expectativa de uma maior liberação
agora: "É ruim chegar no final
do ano sem liberação. Tem
sempre muita reclamação".
O primeiro lugar na lista dos
empenhos neste mês é do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que viu liberado R$ 1,95
milhão em emendas.
A mudança, porém, deve valer apenas neste fim de ano, segundo o vice-líder do governo
no Congresso, deputado Gilmar Machado (PT-MG). Ainda
assim, o petista diz que a alteração minimiza a pressão dos deputados e senadores, que agora
podem dizer aos beneficiados
pelas emendas que os recursos
estão garantidos pela União.
Em outubro, a pressão dos
congressistas garantiu empenho de R$ 96,7 milhões em
emendas, equivalente a 50% do
total empenhado neste ano.
Ainda assim, os congressistas
insistiram na mudança: "O sistema é bom e transparente,
mas há uma resistência natural
entre os deputados porque ele é
novo e muda uma tradição de
empenhar primeiro e apresentar o projeto depois", avalia Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
A nova sistemática foi criticada por lideranças da oposição. O líder do DEM, deputado
Ronaldo Caiado (GO), disse
que isso "é algo que vem para
diminuir a Câmara e o Senado".
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