São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JANIO DE FREITAS

Alguma coisa

Henrique Meirelles: "o mercado" e seus adeptos na imprensa estão satisfeitos. Ou melhor, continuam satisfeitos. Para os demais, fica a hipótese de que se sintam satisfeitos mais tarde. Parece ninharia, mas já é alguma coisa, em comparação com outros que os jornais já haviam deslocado de certas fortalezas do neoliberalismo e destinado à presidência do Banco Central.
O aspecto mais positivo na escolha de Henrique Meirelles, do ponto de vista conceitual, é que o BC pode ter um comando técnico, mas não está entregue a um tecnocrata, a um desses economistas que trazem diplomas das universidades americanas, mas têm mente mecânica, incapazes de exercer o pensamento. Diante de qualquer assunto, reagem e falam como se estivessem lendo um desses folhetos de instruções que acompanham vários produtos.
Como ministro da Fazenda, Antonio Palocci é portador do mesmo aspecto positivo. Ainda assim, ou por isso mesmo, Palocci e Meirelles compõem uma incógnita: se, em princípio, não se espera deles a visão primária, estreita e mecânica dos tecnocratas, também não se sabe que desdobramentos esperar, na prática, das tantas reverências de Palocci ao "mercado", nem das concepções deixadas em Meirelles por sua recente condição de banqueiro internacional.

A recusa
Ao dispensar a entrega do Ministério das Comunicações ao deputado Miro Teixeira, a título de representante do PDT no governo, Leonel Brizola explicou-se com a relação entre aquele ministério e as privatizações desnacionalizantes e suspeitas. A interpretação mais aceita para sua atitude é, porém, muito diferente.
Já insatisfeito pelas evidências de que Miro Teixeira e o PT andaram se acertando sem o consultar, Brizola também não desejaria o que muitos dizem ser a entrega do Ministério das Comunicações ao Grupo Globo, considerando a velha proximidade entre o deputado e os controladores do grupo.
Ainda assim, continuam os esforços para que Miro Teixeira seja o ministro das Comunicações.

O verbo
Diz o deputado Geddel Vieira Lima, também chamado de "Geddel vai às compras", em comentário sobre o recuo o PT na oferta do Ministério dos Transportes ao PMDB, dada a má repercussão dessa iniciativa espantosa:
- O PT ainda não aprendeu a apanhar.
Talvez seja verdade. O problema, no entanto, surgiu porque o PMDB tem apanhado demais: é na Suframa, na Sudene, em portos e docas, no DNER, enfim, onde haja um cofre gordo há sempre uma parte do PMDB pronta para apanhar.


Texto Anterior: Poucos líderes confirmam ida à posse
Próximo Texto: No Ar - Nelson de Sá: O dólar dos operadores
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.