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JANIO DE FREITAS
Alguma coisa
Henrique Meirelles: "o mercado" e seus adeptos na imprensa estão satisfeitos. Ou melhor, continuam satisfeitos. Para os demais, fica a hipótese de
que se sintam satisfeitos mais
tarde. Parece ninharia, mas já é
alguma coisa, em comparação
com outros que os jornais já haviam deslocado de certas fortalezas do neoliberalismo e destinado à presidência do Banco
Central.
O aspecto mais positivo na escolha de Henrique Meirelles, do
ponto de vista conceitual, é que
o BC pode ter um comando técnico, mas não está entregue a
um tecnocrata, a um desses economistas que trazem diplomas
das universidades americanas,
mas têm mente mecânica, incapazes de exercer o pensamento.
Diante de qualquer assunto,
reagem e falam como se estivessem lendo um desses folhetos de
instruções que acompanham
vários produtos.
Como ministro da Fazenda,
Antonio Palocci é portador do
mesmo aspecto positivo. Ainda
assim, ou por isso mesmo, Palocci e Meirelles compõem uma
incógnita: se, em princípio, não
se espera deles a visão primária,
estreita e mecânica dos tecnocratas, também não se sabe que
desdobramentos esperar, na
prática, das tantas reverências
de Palocci ao "mercado", nem
das concepções deixadas em
Meirelles por sua recente condição de banqueiro internacional.
A recusa
Ao dispensar a entrega do Ministério das Comunicações ao
deputado Miro Teixeira, a título
de representante do PDT no governo, Leonel Brizola explicou-se com a relação entre aquele
ministério e as privatizações
desnacionalizantes e suspeitas.
A interpretação mais aceita para sua atitude é, porém, muito
diferente.
Já insatisfeito pelas evidências
de que Miro Teixeira e o PT andaram se acertando sem o consultar, Brizola também não desejaria o que muitos dizem ser a
entrega do Ministério das Comunicações ao Grupo Globo,
considerando a velha proximidade entre o deputado e os controladores do grupo.
Ainda assim, continuam os esforços para que Miro Teixeira
seja o ministro das Comunicações.
O verbo
Diz o deputado Geddel Vieira
Lima, também chamado de
"Geddel vai às compras", em comentário sobre o recuo o PT na
oferta do Ministério dos Transportes ao PMDB, dada a má repercussão dessa iniciativa espantosa:
- O PT ainda não aprendeu
a apanhar.
Talvez seja verdade. O problema, no entanto, surgiu porque o
PMDB tem apanhado demais: é
na Suframa, na Sudene, em portos e docas, no DNER, enfim,
onde haja um cofre gordo há
sempre uma parte do PMDB
pronta para apanhar.
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