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NO AR
O dólar dos operadores
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Voltou "o" Lula, no pronunciamento de ontem, ao
vivo pela Globo. Ele já entrou
antes de todos, esperou em pé,
apoiou-se na cadeira, olhou um
pouco para as câmeras, cochichou com Marisa.
Ao falar, fez brincadeiras sem
fim -e sem sentido. Do nada,
disse que seu escolhido para o
BC, Henrique Meirelles, "está
acompanhado de sua esposa, e
eu da minha".
Depois disse que o resto do ministério sai semana que vem e
então, sorrindo:
- Vamos ver qual é o jornalista que acertou mais. Vai ganhar de mim um prêmio. Que eu não sei qual.
Brincou até com o que, aparentemente, não devia, prometendo falar pouco:
- Quanto menos eu falar,
mais o dólar cai.
Foi um encantamento para as
câmeras.
E foi ele sair para a Globo cortar a transmissão. Nada de muito ministro, equipe econômica.
O poder é Lula.
Pouco depois, vem a Globo
News e registra:
- O dólar fecha em alta.
Lula queimou a língua, mas
logo se evidenciarem os motivos
do mercado. Meirelles anunciou
como seu propósito "fazer o
Brasil crescer":
- O resto são os meios para se
chegar lá.
Não é o que um operador do
mercado queria ouvir. Aliás,
não se trata mais de um colega
no Banco Central, como notou a
Globo News:
- Como não veio o nome de
um operador, o mercado espera.
As atenções agora se voltaram
para a diretoria.
Algumas reações de operadores falavam de seu perfil político, não técnico. De ser mais conhecido no exterior do que pelo
mercado nacional. Um operador que é ex-presidente do BC
falou até em perigo de "politização do BC".
Em suma, vislumbrou-se o risco de ganhar menos.
Se os operadores tremeram,
seus superiores, ao que parece,
não. Curiosamente, houve até
operador que de imediato criticou, na CBN, e depois retornou
para se corrigir.
Afinal, trata-se do ex-presidente do BankBoston, "o primeiro não-americano a presidir
um banco nos EUA", como ressaltou a Globo.
Sobraram elogios da federação dos bancos. E, se o dólar dos
operadores subiu, no exterior o
risco Brasil caiu.
Operadora do extremo oposto,
nas restrições a Meirelles, só a
senadora Heloísa Helena, que
disse que ele "não serve para os
interesses nacionais".
Mas também ela acrescentou
depois que a decisão final é do
eleito e ponto.
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