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Lula recebe cúpula do PT no dia 21
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Após aprovar no último fim de
semana uma resolução com duras
críticas à economia, com pedidos
de redução da meta de superávit
primário, pilar da política do ministro Antonio Palocci (Fazenda),
dirigentes do Partido dos Trabalhadores devem se reunir na semana que vem com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Será o primeiro encontro oficial
do presidente com a Executiva do
PT após as eleições internas que
minaram a hegemonia do Campo
Majoritário (grupo petista do
qual participa Lula) no partido.
Na pauta da reunião, pré-agendada para o dia 21 (quarta-feira),
em Brasília, estão a relação do
partido com o governo federal e a
discussão dos cenários para 2006,
ano de sucessão presidencial.
A reunião foi pedida pelos dirigentes ainda em outubro, após o
deputado Ricardo Berzoini (SP)
ter sido escolhido, sob a tutela do
presidente Lula, para comandar o
PT nos próximos dois anos. Mas
vai ocorrer num momento de cobranças por parte da legenda.
Além de mudanças imediatas
na política econômica capitaneada por Palocci, a resolução aprovada no sábado pede outras ações
do governo, de olho na disputa
presidencial, que sinalizem um
segundo mandato, caso Lula se
reeleja, "superior ao primeiro".
A votação do Diretório Nacional petista sobre o trecho mais polêmico do documento - o que
pede a redução do superávit primário- foi apertada e rachou o
Campo Majoritário: 35 votos a favor a 34 contra. Berzoini, eleito
pelo Campo, apoiou a crítica, assim como o assessor especial da
Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (SP), do mesmo grupo interno, foi contra.
Palocci
Petistas que defendem Palocci
viram no ato de Berzoini uma forma de ele se afirmar no comando
do partido. Já aqueles que integram correntes da chamada esquerda, hoje com mais força na
composição do PT, sustentam
que a resolução só reflete um sentimento já presente na sociedade.
"O Diretório Nacional tem nesse momento uma unidade política interna", disse Berzoini. "Daqui ao meio do ano que vem haverá ainda quatro ou cinco reuniões
do Diretório. É bom lembrar que
nenhum grupo tem maioria dentro do partido. Unidade não significa unanimidade", afirmou ele.
Berzoini disse ainda ter "estranhado" a repercussão do documento petista. Segundo ele, a legenda já vinha pedindo mudanças na economia, como a queda
da taxa de juros e a aceleração na
execução orçamentária. É a primeira vez, porém, que a queda
das metas de superávit é citada.
O presidente do PT afirmou que
não espera um clima ruim com
Lula na reunião. "O presidente
conhece a política, sabe da dinâmica interna do partido", disse.
Ele negou que o Palácio do Planalto tenha influenciado na elaboração da resolução -o articulador político do governo, ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais), ligou para petistas
durante o encontro de sábado para tentar atenuar as críticas.
"O presidente não incentiva
nem desincentiva o partido a agir
de uma maneira ou de outra", disse Berzoini. "E nunca cobrou nada." O presidente do PT também
negou que a resolução possa vir a
distanciar Lula da legenda.
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