São Paulo, terça-feira, 13 de dezembro de 2005

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Lula recebe cúpula do PT no dia 21

CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Após aprovar no último fim de semana uma resolução com duras críticas à economia, com pedidos de redução da meta de superávit primário, pilar da política do ministro Antonio Palocci (Fazenda), dirigentes do Partido dos Trabalhadores devem se reunir na semana que vem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Será o primeiro encontro oficial do presidente com a Executiva do PT após as eleições internas que minaram a hegemonia do Campo Majoritário (grupo petista do qual participa Lula) no partido.
Na pauta da reunião, pré-agendada para o dia 21 (quarta-feira), em Brasília, estão a relação do partido com o governo federal e a discussão dos cenários para 2006, ano de sucessão presidencial.
A reunião foi pedida pelos dirigentes ainda em outubro, após o deputado Ricardo Berzoini (SP) ter sido escolhido, sob a tutela do presidente Lula, para comandar o PT nos próximos dois anos. Mas vai ocorrer num momento de cobranças por parte da legenda.
Além de mudanças imediatas na política econômica capitaneada por Palocci, a resolução aprovada no sábado pede outras ações do governo, de olho na disputa presidencial, que sinalizem um segundo mandato, caso Lula se reeleja, "superior ao primeiro".
A votação do Diretório Nacional petista sobre o trecho mais polêmico do documento - o que pede a redução do superávit primário- foi apertada e rachou o Campo Majoritário: 35 votos a favor a 34 contra. Berzoini, eleito pelo Campo, apoiou a crítica, assim como o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), do mesmo grupo interno, foi contra.

Palocci
Petistas que defendem Palocci viram no ato de Berzoini uma forma de ele se afirmar no comando do partido. Já aqueles que integram correntes da chamada esquerda, hoje com mais força na composição do PT, sustentam que a resolução só reflete um sentimento já presente na sociedade.
"O Diretório Nacional tem nesse momento uma unidade política interna", disse Berzoini. "Daqui ao meio do ano que vem haverá ainda quatro ou cinco reuniões do Diretório. É bom lembrar que nenhum grupo tem maioria dentro do partido. Unidade não significa unanimidade", afirmou ele.
Berzoini disse ainda ter "estranhado" a repercussão do documento petista. Segundo ele, a legenda já vinha pedindo mudanças na economia, como a queda da taxa de juros e a aceleração na execução orçamentária. É a primeira vez, porém, que a queda das metas de superávit é citada.
O presidente do PT afirmou que não espera um clima ruim com Lula na reunião. "O presidente conhece a política, sabe da dinâmica interna do partido", disse.
Ele negou que o Palácio do Planalto tenha influenciado na elaboração da resolução -o articulador político do governo, ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais), ligou para petistas durante o encontro de sábado para tentar atenuar as críticas.
"O presidente não incentiva nem desincentiva o partido a agir de uma maneira ou de outra", disse Berzoini. "E nunca cobrou nada." O presidente do PT também negou que a resolução possa vir a distanciar Lula da legenda.


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