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Garibaldi é citado em ação no Supremo
Ministério Público acusa gestões do senador como governador do RN de desvios em programa de distribuição de leite
Conversas apontariam envolvimento de "pessoas do senador'; ele nega ter ajudado a pagar advogados para os acusados no caso
RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A NATAL
O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), é citado numa petição sigilosa que
tramita no STF como relacionado a empresários e altos servidores do governo do Rio
Grande do Norte acusados pelo
Ministério Público de desvios
no programa do leite, ação social das gestões de Garibaldi no
Estado (1995-2002).
O programa entregava cerca
de 130 mil litros de leite por dia.
Em 2002, quando Garibaldi se
tornou senador, houve recorde
na distribuição, o que gerou,
em 2003, auditoria determinada pela sua adversária, a governadora Wilma de Faria (PSB),
uma CPI e uma ação penal.
"Trata-se do aparecimento,
mais nítido e intenso nas gravações mais recentes, de informações que fazem denotar o envolvimento das pessoas do senador Garibaldi Alves e do conselheiro do Tribunal de Contas
Estadual Paulo Roberto Chaves
Alves com o objeto da denúncia", afirmam os promotores na
petição protocolada no STF.
Paulo é irmão do senador e
foi secretário de Ação Social até
1999 -a pasta foi o foco do desvio estimado em R$ 9,3 milhões
em 2002. Ambos apareceram
nas conversas porque entraram em contato com aparelhos
monitorados pela polícia a pedido dos promotores de Justiça
e com ordem judicial.
Nos telefonemas, Garibaldi
se solidarizou com dois dos
acusados. Paulo articulou a
contratação de uma assessoria
jurídica para alguns dos réus,
segundo os promotores.
Quando a petição foi revelada pelo jornal "Diário de Natal", em 2004, o senador afirmou que costumava pagar "advogados para defender amigos
que eu julgo que são inocentes". Terça, o senador disse à
Folha que não ajudou a pagar
defensores no caso do leite.
Paulo disse que "não entraria
no mérito" das transcrições.
Segundo a transcrição, Garibaldi ligou, em 29 de março de
2004, a um dos acusados, o ex-secretário Tertuliano Pinheiro.
Teria dito que "os promotores
estão precisando de uma lição".
As gravações sugerem que
um dos réus, o empresário José
Mariano Neto, passou a ser assistido por um advogado contratado com ajuda de políticos
do PMDB. Numa ligação, o novo advogado, José Daniel Diniz,
diz a Mariano que "nosso senador [Garibaldi, segundo os promotores] vai pagar a primeira
parte do acordo [honorários]".
"Não posso fazer nenhuma
declaração acerca da relação
profissional que tenho com José Mariano Neto", disse Diniz.
O programa do leite começou
a ser questionado em 2002, a
partir de reclamações de beneficiados. O Ministério Público
descobriu que naquele ano a
média de litros distribuídos saltou de 130 mil para 164 mil.
O governo que tomou posse
em 2003 pediu uma auditoria.
Técnicos apontaram diferença
de R$ 9,3 milhões entre o que
foi desembolsado pelo Estado
em 2002 e as planilhas de leite
entregue. Descobriu-se que a
principal fornecedora, a cooperativa Cersel, havia sido contratada em 1999 sem licitação.
A CPI confirmou a auditoria.
O ex-secretário de Ação Social
Lauro Gonçalves Bezerra declarou que assinou o convênio
após receber "a determinação
do governador [Garibaldi]". O
senador não foi incluído no rol
dos acusados da CPI.
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