Com discurso de candidata avalizado pela direção petista, ministra exalta legenda durante encontro

Ricardo Berzoini agradece "o compromisso partidário de nossa querida Dilma'; estratégia do PT é convencer filiados em prol da ministra

SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Motivada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o aval da direção petista, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) adotou discurso de candidata, em encontro de prefeitos e prefeitas eleitos pelo PT.
Para aplausos dos presentes, a pré-candidata rotulou o PT como "uma força do bem" na administração pública.
Vestindo um terninho vermelho, utilizou um dos termos preferidos dos petistas, "neoliberalismo", exaltou a trajetória do partido, criticou a gestão Fernando Henrique Cardoso, e coroou o discurso dizendo que o PT "é uma força do bem."
O PAC, até então tema principal de seus discursos, ficou em terceiro plano. Sobre o programa, fez uma rápida menção: que os prefeitos fiscalizem e invistam em infra-estrutura.
"Nossa visão de Estado não é neoliberal. Somos governo com responsabilidade fiscal, mas também social. Quando um governo escolhe entre fazer ou não o Bolsa Família, escolhe fazer a política legítima."
Segundo Dilma, o governo Lula acabou com o "ciclo ocioso" que existia até 2002 e que houve uma mudança radical no modo de governar. "Nas crises até 2001, 2002, elas começavam lá fora, mas contaminavam o Brasil pelo câmbio, éramos frágeis e quebrávamos. Aí íamos ao Fundo Monetário e ele mandava cortar investimentos sociais. A diferença é radical." Egressa do PDT e com pouco trânsito dentro do PT, a ministra aproveitou para elogiar a história do partido, ao dizer que uniu um conjunto de pessoas que lutaram contra a ditadura e pela democracia.
E elogiou o partido: "Podemos confiar que nas 559 prefeituras onde temos a cabeça de chapa, naquelas que temos o vice, ou naquelas que apoiamos a coligação, sempre seremos uma força do bem."
Dentro da estratégia para convencer os filiados a criar consenso em torno da ministra, a direção do PT deu apoio aos discursos pró-Dilma, a começar pelo presidente do partido, Ricardo Berzoini.
"Agradecemos o compromisso partidário de nossa querida Dilma. Em função de sua agenda, nem todos puderam contar com a presença dela nas campanhas, mas não mediu esforços e, em nenhum momento, confundiu militância com função no governo", disse ele.
A ministra desconversou sobre o lançamento de sua pré-candidatura por Lula: "Não posso nem concordar nem discordar [sobre Lula achá-la a melhor candidata]. Ficaria muito esquisito [opinar] porque é sobre minha pessoa".


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