São Paulo, domingo, 13 de dezembro de 1998

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DOMINGUEIRA
Encontro com o futuro

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
Editor de Domingo

Dezembro já avança, e vamos nos preparando para ingressar no último ano dos novecentos, um 1999 que todos prevêem, para dizer o mínimo, muito "difícil".
O mitológico ano 2000, que alimentou fantasias de gerações e gerações, representou para os brasileiros, em diversos períodos, aquele ponto longínquo no qual as profecias a respeito do país do futuro viriam, enfim, a se realizar.
Não foram poucos os que imaginaram o país chegando ao ano 2000 como uma grande "potência" mundial. Era esse o vaticínio do regime militar, que projetava o crescimento do "milagre" para encontrar no futuro resultados grandiosos.
Mas não apenas as utopias materiais alimentaram as fantasias sobre o país do ano 2000. Um importante setor da vida intelectual, política e cultural apostou, mais do que em prosperidade, na formação de uma sociedade diversa, capaz de imprimir sua marca original no cenário internacional. O Brasil não deveria simplesmente trilhar o caminho do desenvolvimento, mas assumir o destino -para usar a comparação de Darcy Ribeiro- de uma "Roma" miscigenada e inventiva.
O tempo é curto para qualquer dessas antevisões. O Brasil vai- se aproximando do novo século -que começa, na verdade, em 2001- como um país problemático e extremamente desigual.
Estamos longe de ser a potência sonhada pelo ufanismo autoritário e cada vez mais céticos ou covardes quanto ao sonho da contribuição original.
Certamente ocupamos um espaço, certamente estamos em processamento, mas nosso destino é ainda um ponto de interrogação.
Para não perder o hábito, um palpite de um flamenguista frustrado sobre futebol: a fórmula do campeonato parece boa, os jogos das semifinais foram emocionantes, mas isso não deve servir para encobrir o fato de que os times envolvidos são bem mais fraquinhos do que a animação geral pode fazer crer.
Uma satisfação: escolhi como "melhor do ano", numa enquete realizada pelo "Guia da Folha" (que circula em São Paulo), o Gero Café, aberto há pouco no shopping Iguatemi. Por má compreensão minha, achei que a escolha era segmentada e que meu voto entraria no capítulo de bares e restaurantes -e não como "o melhor", em absoluto, do ano.
Por mais que o café seja muito simpático e que a idéia de "melhor e pior do ano" só tenha graça pelo grau de arbítrio que encerra, não poderia considerar, tou court, o Gero Café como a melhor coisa de 98.
O que escolher então? Para manter o espírito da coisa: O novo CD de Chico Buarque.




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