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Leia a íntegra do discurso do presidente
Leia a seguir a íntegra do discurso realizado ontem pelo presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Esta solenidade, antes de consagrar os eleitos,
simboliza o vigor da democracia brasileira.
Aqui, neste tribunal, se inicia e, agora, termina o
processo eleitoral. De tradições impecáveis, a Justiça
eleitoral tem assegurado as condições para que cada
brasileiro realize, livremente, a mais clara expressão
da cidadania, o direito de escolher os seus representantes.
Aproveito a oportunidade para, como presidente
reeleito, manter o meu compromisso anterior e prometer que continuaremos o caminho da informatização completa das eleições no Brasil.
Agradeço, em nome de todos os brasileiros, o trabalho da Justiça Eleitoral, guardiã de nossa democracia.
A essência da democracia é a liberdade política,
que deve ser um exercício cotidiano. Liberdade que
se expressa na crítica sem constrangimentos, nas
formas de organização da vontade política que se
multiplicam, no acesso crescente à informação, na
representação que ganha autenticidade, mas sobretudo no ato de votar.
Hoje, apesar das desigualdades e do tanto que falta para construirmos o Brasil que desejamos, o eleitor brasileiro exerce sua cidadania.
Escolhe, sem medo. Escolhe, com a certeza de que
sua vontade será respeitada, de que sua manifestação é fundamental para influenciar os destinos de
seu país.
Assim, naquele ato simples, o povo é governo. O
poder dele emana, plenamente. A voz da cidadania
se faz ouvir com clareza. A nação se reafirma, retoma solidamente a suas melhores forças.
É o momento de afirmar, e de afirmar com toda
ênfase, que os que foram eleitos não se tornam donos de nada: ganham a condição de mandatários.
Recebem o mandato daquele que, legitimamente, é
o único "dono do poder", o povo.
A condição de titular de um cargo eletivo está,
portanto, subordinada ao teor e à natureza desse
mandato, conforme estabelece a Constituição.
Tenho a honra única de ter sido o primeiro presidente da República a ser reeleito para um mandato
consecutivo.
É grave a minha responsabilidade. Nesta eleição,
não se julgou simplesmente um candidato. O povo
avaliou um governo, o trabalho de uma administração e resolveu consagrá-lo nas urnas.
A mensagem não foi , porém, a de simples continuidade. Recebi os resultados como a indicação de
que é preciso mais: o que começamos deve ser aperfeiçoado. Embora já existam bases firmes para construir, a casa brasileira ainda não está como queremos, como o povo a quer.
Os desafios não são poucos. E a reeleição significa
que não há ilusões sobre as dificuldades que, no momento, enfrentamos. Mas a reeleição de alguém que
governou com a verdade, que fez campanha com a
verdade, é um sinal de uma invencível esperança.
Mais do que esperança, de uma invencível certeza
de que o Brasil se transforma, de que a esperança
não é vã, de que o Brasil mais justo está ao alcance de
nossas mãos.
A liberdade política, que se afirma solenemente
neste ato, é condição necessária para a construção
de um futuro melhor.
Faremos o Brasil melhor, mais democrático. Para
isto, é imprescindível o permanente exercício da cidadania, que não se limita ao processo eleitoral.
Precisamos que cada brasileiro participe plenamente na construção de nosso destino. Precisamos,
como sempre, de união. Não a artificial, das construções retóricas. Queremos propósitos comuns, reais,
vigorosos, que articulem os projetos para o nosso futuro.
O diálogo é essencial, a começar do que congrega
as forças políticas. A diversidade brasileira leva a
que se multipliquem as opiniões, as perspectivas, as
preferências políticas. Quem governa deve fortalecer alianças para que se assegurem rumos de política
pública. Mas deve também ouvir os adversários e as
oposições, aceitar o debate, argumentar, descobrir
pontos comuns e buscar, em cada ato, fazer o melhor e o mais legítimo. Em cada ato de governo, ser
plenamente o representante de todos os brasileiros.
Estou orgulhoso pela reeleição e agradecido a cada brasileiro que me sufragou. Tenho respeito pelos
que preferiram outros candidatos. Tudo farei para
que os primeiros não se decepcionem e quero conquistar, com o bom governo, as razões dos outros.
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