São Paulo, domingo, 13 de dezembro de 1998

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Leia a íntegra do discurso do presidente

Leia a seguir a íntegra do discurso realizado ontem pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

Esta solenidade, antes de consagrar os eleitos, simboliza o vigor da democracia brasileira.
Aqui, neste tribunal, se inicia e, agora, termina o processo eleitoral. De tradições impecáveis, a Justiça eleitoral tem assegurado as condições para que cada brasileiro realize, livremente, a mais clara expressão da cidadania, o direito de escolher os seus representantes.
Aproveito a oportunidade para, como presidente reeleito, manter o meu compromisso anterior e prometer que continuaremos o caminho da informatização completa das eleições no Brasil.
Agradeço, em nome de todos os brasileiros, o trabalho da Justiça Eleitoral, guardiã de nossa democracia.
A essência da democracia é a liberdade política, que deve ser um exercício cotidiano. Liberdade que se expressa na crítica sem constrangimentos, nas formas de organização da vontade política que se multiplicam, no acesso crescente à informação, na representação que ganha autenticidade, mas sobretudo no ato de votar.
Hoje, apesar das desigualdades e do tanto que falta para construirmos o Brasil que desejamos, o eleitor brasileiro exerce sua cidadania.
Escolhe, sem medo. Escolhe, com a certeza de que sua vontade será respeitada, de que sua manifestação é fundamental para influenciar os destinos de seu país.
Assim, naquele ato simples, o povo é governo. O poder dele emana, plenamente. A voz da cidadania se faz ouvir com clareza. A nação se reafirma, retoma solidamente a suas melhores forças.
É o momento de afirmar, e de afirmar com toda ênfase, que os que foram eleitos não se tornam donos de nada: ganham a condição de mandatários. Recebem o mandato daquele que, legitimamente, é o único "dono do poder", o povo.
A condição de titular de um cargo eletivo está, portanto, subordinada ao teor e à natureza desse mandato, conforme estabelece a Constituição.
Tenho a honra única de ter sido o primeiro presidente da República a ser reeleito para um mandato consecutivo.
É grave a minha responsabilidade. Nesta eleição, não se julgou simplesmente um candidato. O povo avaliou um governo, o trabalho de uma administração e resolveu consagrá-lo nas urnas.
A mensagem não foi , porém, a de simples continuidade. Recebi os resultados como a indicação de que é preciso mais: o que começamos deve ser aperfeiçoado. Embora já existam bases firmes para construir, a casa brasileira ainda não está como queremos, como o povo a quer.
Os desafios não são poucos. E a reeleição significa que não há ilusões sobre as dificuldades que, no momento, enfrentamos. Mas a reeleição de alguém que governou com a verdade, que fez campanha com a verdade, é um sinal de uma invencível esperança.
Mais do que esperança, de uma invencível certeza de que o Brasil se transforma, de que a esperança não é vã, de que o Brasil mais justo está ao alcance de nossas mãos.
A liberdade política, que se afirma solenemente neste ato, é condição necessária para a construção de um futuro melhor.
Faremos o Brasil melhor, mais democrático. Para isto, é imprescindível o permanente exercício da cidadania, que não se limita ao processo eleitoral.
Precisamos que cada brasileiro participe plenamente na construção de nosso destino. Precisamos, como sempre, de união. Não a artificial, das construções retóricas. Queremos propósitos comuns, reais, vigorosos, que articulem os projetos para o nosso futuro.
O diálogo é essencial, a começar do que congrega as forças políticas. A diversidade brasileira leva a que se multipliquem as opiniões, as perspectivas, as preferências políticas. Quem governa deve fortalecer alianças para que se assegurem rumos de política pública. Mas deve também ouvir os adversários e as oposições, aceitar o debate, argumentar, descobrir pontos comuns e buscar, em cada ato, fazer o melhor e o mais legítimo. Em cada ato de governo, ser plenamente o representante de todos os brasileiros.
Estou orgulhoso pela reeleição e agradecido a cada brasileiro que me sufragou. Tenho respeito pelos que preferiram outros candidatos. Tudo farei para que os primeiros não se decepcionem e quero conquistar, com o bom governo, as razões dos outros.



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