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"Não fabricamos nem vendemos produtos'
da Reportagem Local
Leia, a seguir, a entrevista que o
padre Marcelo Rossi concedeu à
Folha, por fax, na noite de sexta-feira.
(AA)
Folha - O que a Terço Bizantino
Ltda. fabrica e vende?
Padre Marcelo Rossi - Não fabrica
nem vende nenhum produto. Foi
constituída unicamente para o registro da marca Terço Bizantino, a
fim de que pudéssemos utilizar e
difundir o terço no Brasil.
Há várias paróquias que vendem
o terço bizantino, que é fabricado
por diversos fornecedores, tais como fiéis, presos, desempregados. É
uma forma de contribuir para a
manutenção dessas paróquias.
Funciona como ajuda coletiva.
As etiquetas que constam nos
terços vendidos no santuário (de
Interlagos) são feitas em computador, de forma artesanal, informando, inclusive, nosso telefone.
Folha - Quantos funcionários tem
a sua empresa? Qual o gasto com a
folha de pagamento?
Padre Marcelo - Não há funcionários e, portanto, não há gastos
com folha de pagamento. Todos
trabalham como voluntários.
Folha - Qual é o faturamento da
empresa?
Padre Marcelo - A empresa é inativa.
Folha - De quanto é o pró-labore
(retirada mensal) do sr. e de sua
sócia, a sra. Vilma?
Padre Marcelo - Não há lucro
nem pró-labore na empresa. Todos os direitos auferidos por mim
são revertidos à Mitra Diocesana
de Santo Amaro.
Do que o sr. vive? E seus pais, são
aposentados? Vivem do quê?
Padre Marcelo -Todas as minhas
despesas são arcadas pela igreja.
Recebo dois salários mínimos por
mês.
Meu pai está se aposentando,
após 35 anos de trabalho: 27 anos
no Bradesco e oito no banco Bandeirantes. Sempre viveu do seu trabalho.
Folha - O sr. fez voto de pobreza?
Padre Marcelo - Não.
Folha - O sobrado onde sua empresa funciona pertence a quem? A
empresa paga aluguel?
Padre Marcelo - O sobrado pertence a meu pai, Antônio Rossi.
Não há aluguel, pois é um bem de
família há mais de 40 anos.
Folha - Na embalagem do vídeo
"O Cerco de Jericó", comercializado dentro do santuário, há a informação de que os direitos do produto estão reservados à Associação Terço Bizantino. Qual a diferença entre a associação e a empresa? A associação também está
registrada? Onde?
Padre Marcelo - A idéia foi fundar a Associação Terço Bizantino
para continuar a obra da paróquia
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (na zona sul de São Paulo), a que
estou ligado, e também para assegurar os direitos da marca Terço
Bizantino.
Folha - A quem são destinados os
direitos de outros produtos vendidos no santuário, como o vídeo
"Missa do Dia dos Pais" e a fita "Coroa do Espírito Santo"?
Padre Marcelo - Todos esses produtos foram lançados para dar início às obras de reconstrução da paróquia Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro. A renda de todos os direitos é revertida para as obras da paróquia e para a manutenção do
Santuário do Terço Bizantino.
Folha - Quanto já rendeu o CD
"Músicas para Louvar ao Senhor",
que vendeu 2,7 milhões de cópias?
Padre Marcelo - Prefiro não comentar valores, mas na gravadora
há um documento por meio do
qual transfiro todos os direitos à
Mitra Diocesana de Santo Amaro.
Folha - O sr. vê algum problema
em haver barracas dentro do santuário que comercializam artigos
religiosos?
Padre Marcelo - Não vejo problema na venda de produtos no
santuário, desde que seja com finalidades assistenciais, sem fins lucrativos.
Folha - Pelas regras da igreja, um
padre pode ser dono de empresa?
Padre Marcelo - Não há nenhum
impedimento.
Folha - O bispo da diocese de
Santo Amaro, dom Fernando Antonio Figueiredo, a quem o sr. é subordinado, o autorizou a abrir uma
empresa?
Padre Marcelo - O bispo tem conhecimento de todos os meus atos.
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