São Paulo, domingo, 13 de dezembro de 1998

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"Não fabricamos nem vendemos produtos'

da Reportagem Local

Leia, a seguir, a entrevista que o padre Marcelo Rossi concedeu à Folha, por fax, na noite de sexta-feira. (AA)


Folha - O que a Terço Bizantino Ltda. fabrica e vende?
Padre Marcelo Rossi -
Não fabrica nem vende nenhum produto. Foi constituída unicamente para o registro da marca Terço Bizantino, a fim de que pudéssemos utilizar e difundir o terço no Brasil.
Há várias paróquias que vendem o terço bizantino, que é fabricado por diversos fornecedores, tais como fiéis, presos, desempregados. É uma forma de contribuir para a manutenção dessas paróquias. Funciona como ajuda coletiva.
As etiquetas que constam nos terços vendidos no santuário (de Interlagos) são feitas em computador, de forma artesanal, informando, inclusive, nosso telefone.
Folha - Quantos funcionários tem a sua empresa? Qual o gasto com a folha de pagamento?
Padre Marcelo -
Não há funcionários e, portanto, não há gastos com folha de pagamento. Todos trabalham como voluntários.
Folha - Qual é o faturamento da empresa?
Padre Marcelo -
A empresa é inativa.
Folha - De quanto é o pró-labore (retirada mensal) do sr. e de sua sócia, a sra. Vilma?
Padre Marcelo -
Não há lucro nem pró-labore na empresa. Todos os direitos auferidos por mim são revertidos à Mitra Diocesana de Santo Amaro.
Do que o sr. vive? E seus pais, são aposentados? Vivem do quê?
Padre Marcelo -
Todas as minhas despesas são arcadas pela igreja. Recebo dois salários mínimos por mês.
Meu pai está se aposentando, após 35 anos de trabalho: 27 anos no Bradesco e oito no banco Bandeirantes. Sempre viveu do seu trabalho.
Folha - O sr. fez voto de pobreza?
Padre Marcelo -
Não.
Folha - O sobrado onde sua empresa funciona pertence a quem? A empresa paga aluguel?
Padre Marcelo -
O sobrado pertence a meu pai, Antônio Rossi. Não há aluguel, pois é um bem de família há mais de 40 anos.
Folha - Na embalagem do vídeo "O Cerco de Jericó", comercializado dentro do santuário, há a informação de que os direitos do produto estão reservados à Associação Terço Bizantino. Qual a diferença entre a associação e a empresa? A associação também está registrada? Onde?
Padre Marcelo -
A idéia foi fundar a Associação Terço Bizantino para continuar a obra da paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (na zona sul de São Paulo), a que estou ligado, e também para assegurar os direitos da marca Terço Bizantino.
Folha - A quem são destinados os direitos de outros produtos vendidos no santuário, como o vídeo "Missa do Dia dos Pais" e a fita "Coroa do Espírito Santo"?
Padre Marcelo -
Todos esses produtos foram lançados para dar início às obras de reconstrução da paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. A renda de todos os direitos é revertida para as obras da paróquia e para a manutenção do Santuário do Terço Bizantino.
Folha - Quanto já rendeu o CD "Músicas para Louvar ao Senhor", que vendeu 2,7 milhões de cópias?
Padre Marcelo -
Prefiro não comentar valores, mas na gravadora há um documento por meio do qual transfiro todos os direitos à Mitra Diocesana de Santo Amaro.
Folha - O sr. vê algum problema em haver barracas dentro do santuário que comercializam artigos religiosos?
Padre Marcelo - Não vejo problema na venda de produtos no santuário, desde que seja com finalidades assistenciais, sem fins lucrativos.
Folha - Pelas regras da igreja, um padre pode ser dono de empresa?
Padre Marcelo -
Não há nenhum impedimento.
Folha - O bispo da diocese de Santo Amaro, dom Fernando Antonio Figueiredo, a quem o sr. é subordinado, o autorizou a abrir uma empresa?
Padre Marcelo -
O bispo tem conhecimento de todos os meus atos.



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