São Paulo, segunda-feira, 14 de janeiro de 2002

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2002 SEM RUMO

Em Moscou, presidente nega haver acerto entre Serra e Jungmann

FHC diz que não é "xerife da esquina" para barrar aliado

Alan Marques/Folha Imagem
O presidente FHC, à frente do ministro Celso Lafer, no Kremlin


WILSON SILVEIRA
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem em Moscou que não é "xerife da esquina" para dizer quem pode ou não ser candidato, ao negar que a pré-candidatura do ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário) tenha sido patrocinada pelo Planalto para favorecer o ministro José Serra (Saúde).
FHC disse também que vai insistir na necessidade de manter a coligação que o elegeu e que "não há consolidação de nada até agora" -referindo-se à possível candidatura da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL).
O presidente deu entrevista no Kremlin, onde ficará hospedado até depois de amanhã, quando vai a Kiev (Ucrânia). Hoje começa a programação oficial da visita de dois dias, com a colocação de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido e se encontra depois com o presidente Vladimir Putin.
Questionado se Jungmann era uma espécie de "laranja" de Serra, o presidente afirmou: "Quem avisou ao Serra que o Jungmann seria candidato foi o ministro Aloysio [Nunes Ferreira, da Justiça", a meu pedido, no dia em que eu soube, que foi segunda-feira. O Serra nem sabia, estava na Europa, não tinha nem idéia".
FHC disse que encorajou a candidatura do ministro da Agricultura, Pratini de Moraes (PPB). "Quem quiser ser candidato que seja, nos vários partidos. As convenções são em junho, eu sou presidente da República, não sou xerife da esquina, para dizer "você pode, você não pode"."
Quanto ao "timing" da candidatura Serra, FHC disse que a população está muito longe das eleições. "Por enquanto nós estamos tateando esse terreno, eu acho que não é correto não só para o ministro Serra, mas para qualquer candidato, ficar imaginando que tal prazo é o prazo bom, não existe isso. Política é pilotagem, vamos ver como é que está o clima no Brasil pouco a pouco."

Governabilidade
Fernando Henrique voltou a defender a manutenção da aliança governista, inclusive por questões de governabilidade. E disse que o PSDB "tem todas as condições" de lançar candidato, embora isso não seja obrigatório.
"Eu sou presidente de honra do PSDB e portanto o meu candidato é o candidato do PSDB. Mas eu sou presidente da República e de uma coligação e vou insistir na necessidade de manter esse espírito de coligação. E não digo isso apenas para ganhar a eleição, não é isso. É para governar."
Questionado se isso significava que poderia apoiar Roseana como cabeça de chapa, afirmou: "Eu não posso afirmar isso porque, como eu estou dizendo, não há consolidação de nada".
FHC classificou de intriga a suposta formação de um "quarteto" nordestino anti-Serra, que seria formado pelo governador do Ceará, Tasso Jereissati, pelo ex-senador Antonio Carlos Magalhães, por Roseana e por seu pai, o senador José Sarney. "Não existe isso, isso é intriga, é conversa."
Ele usou a mesma expressão para qualificar a informação de que o governo dos EUA reprova a aproximação da Argentina com o Brasil, fortalecendo o Mercosul para conseguir apoio à sua política econômica.
"Isso é intriga, imagina! Qual é a posição dos Estados Unidos, qual é a posição do Brasil? É a mesma. Nós hoje sabemos que é preciso que haja um sistema econômico mais sólido no mundo, que é tudo que queremos, e os americanos também", disse FHC.



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