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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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AGENDA PETISTA

Em encontro na véspera da primeira reunião do grupo, empresariado já desconfiava do poder de decisão do órgão

Empresários temem conselho de "marketing"

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

A primeira reunião de ontem do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social não convenceu a totalidade dos empresários que fazem parte do grupo.
Após o encontro, alguns deles manifestaram preocupação com o fato de o conselho servir apenas como uma espécie de marketing do governo para contar com o apoio do empresariado. Um empresário chegou a dizer que "o conselho poderia ser uma instrumentalização do PT".
Segundo a Folha apurou, outro empresário disse que "o conselho seria apenas uma espécie de moldura para o governo".
Já na véspera do encontro, durante jantar promovido pela Ação Empresarial, presidida pelo empresário Jorge Gerdau Johannpeter, no Hotel Bonaparte, em Brasília, alguns empresários já tinham manifestado essa preocupação quanto ao poder de decisão do Conselho Social.
Outros manifestaram preocupação com o fato de o papel do conselho se contrapor ao Congresso, já que será o Legislativo que irá tomar as decisões em relação às reformas. Em razão disso, muitos empresários sentiram uma certa frustração com relação a efetividade do conselho.
Segundo a Folha apurou, entre os empresários que manifestaram pessimismo em relação ao conselho estavam Jorge Gerdau e Paulo Velinho (empresário agrícola do Rio Grande do Sul). Os dois são membros do conselho.
Velinho chegou a propor, ontem, durante a reunião, uma espécie de "lei do silêncio" entre os empresários, para que as opiniões manifestadas no encontro não viessem a público.
A idéia de Velinho sofreu fortes ataques de vários empresários. Entre eles, do presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro. Ele afirmou, na reunião, que não via razão para que as idéias defendidas ali não fossem do conhecimento público.
Outros empresários de peso também se manifestaram a favor do conselho, além do próprio Monteiro. Entre os que defenderam o conselho, destacam-se Roger Agnelli (Vale do Rio Doce) e Eugênio Staub (Gradiente).

Objetivo
Para muitos empresários presentes, o objetivo do conselho não foi plenamente entendido por todos. "Tem gente que acha que o fato de pertencer ao conselho significa ter chegado ao poder", disse Armando Monteiro a um grupo de empresários.
As maiores críticas, porém, ocorreram durante jantar promovido por Gerdau, na véspera do encontro. O próprio Gerdau manifestou preocupação pelo fato de haver muitos empresários no conselho. Centrou críticas também ao excesso de tributos e às aposentadorias do setor público.
De acordo com o que a Folha apurou, chamou a atenção também a opinião do executivo brasileiro Alain Belda, presidente da Alcoa mundial, a gigante americana de alumínio. Belda afirmou que a grande preocupação do Brasil deveria ser, hoje, o alto grau de informatização do mercado de trabalho.
O jantar contou com a participação de cerca de 50 pessoas, a maioria de membros do conselho. Entre eles, muitos representantes do mercado financeiro, como Raymundo Malgiano, presidente da Bovespa, além de Roger Angelli, Staub, Alain Belda e Piva.


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