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AGENDA PETISTA
Em encontro na véspera da primeira reunião do grupo, empresariado já desconfiava do poder de decisão do órgão
Empresários temem conselho de "marketing"
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
A primeira reunião de ontem do
Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social não convenceu a totalidade dos empresários
que fazem parte do grupo.
Após o encontro, alguns deles
manifestaram preocupação com
o fato de o conselho servir apenas
como uma espécie de marketing
do governo para contar com o
apoio do empresariado. Um empresário chegou a dizer que "o
conselho poderia ser uma instrumentalização do PT".
Segundo a Folha apurou, outro
empresário disse que "o conselho
seria apenas uma espécie de moldura para o governo".
Já na véspera do encontro, durante jantar promovido pela Ação
Empresarial, presidida pelo empresário Jorge Gerdau Johannpeter, no Hotel Bonaparte, em Brasília, alguns empresários já tinham
manifestado essa preocupação
quanto ao poder de decisão do
Conselho Social.
Outros manifestaram preocupação com o fato de o papel do
conselho se contrapor ao Congresso, já que será o Legislativo
que irá tomar as decisões em relação às reformas. Em razão disso,
muitos empresários sentiram
uma certa frustração com relação
a efetividade do conselho.
Segundo a Folha apurou, entre
os empresários que manifestaram
pessimismo em relação ao conselho estavam Jorge Gerdau e Paulo
Velinho (empresário agrícola do
Rio Grande do Sul). Os dois são
membros do conselho.
Velinho chegou a propor, ontem, durante a reunião, uma espécie de "lei do silêncio" entre os
empresários, para que as opiniões
manifestadas no encontro não
viessem a público.
A idéia de Velinho sofreu fortes
ataques de vários empresários.
Entre eles, do presidente da CNI
(Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro. Ele
afirmou, na reunião, que não via
razão para que as idéias defendidas ali não fossem do conhecimento público.
Outros empresários de peso
também se manifestaram a favor
do conselho, além do próprio
Monteiro. Entre os que defenderam o conselho, destacam-se Roger Agnelli (Vale do Rio Doce) e
Eugênio Staub (Gradiente).
Objetivo
Para muitos empresários presentes, o objetivo do conselho não
foi plenamente entendido por todos. "Tem gente que acha que o
fato de pertencer ao conselho significa ter chegado ao poder", disse
Armando Monteiro a um grupo
de empresários.
As maiores críticas, porém,
ocorreram durante jantar promovido por Gerdau, na véspera do
encontro. O próprio Gerdau manifestou preocupação pelo fato de
haver muitos empresários no
conselho. Centrou críticas também ao excesso de tributos e às
aposentadorias do setor público.
De acordo com o que a Folha
apurou, chamou a atenção também a opinião do executivo brasileiro Alain Belda, presidente da
Alcoa mundial, a gigante americana de alumínio. Belda afirmou
que a grande preocupação do
Brasil deveria ser, hoje, o alto grau
de informatização do mercado de
trabalho.
O jantar contou com a participação de cerca de 50 pessoas, a
maioria de membros do conselho. Entre eles, muitos representantes do mercado financeiro, como Raymundo Malgiano, presidente da Bovespa, além de Roger
Angelli, Staub, Alain Belda e Piva.
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