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AJUSTE PETISTA
Ciro diz que não tinha "ilusão" sobre orçamento
RANIER BRAGON
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Responsável pela pasta que sofreu proporcionalmente o maior
corte de verbas no contingenciamento anunciado pelo governo
-90,8%-, o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) disse
ontem nunca ter tido a ilusão de
que disporia de um orçamento
abundante na pasta.
"Não alimentei nem por um segundo a ilusão em relação ao orçamento porque eu conheço a
prática", afirmou. Ele afirmou
considerar normal a tesourada,
que, segundo sua avaliação, estaria na média das realizadas em
anos anteriores.
A Integração Nacional sofreu
um corte de previsão de gastos de
90,8%, diminuindo o valor autorizado de R$ 2,2 bilhões para R$
326 milhões. "Só estou pagando
folha de pessoal, fração de empréstimo internacional e o custeio, que, não sendo pago, poderia
gerar multas", declarou.
Apesar dos números e da consequente situação, Ciro atribuiu a
"celeuma" feita em torno das verbas de seu ministério à imprensa,
dizendo que alguns jornalistas
"amam financiar pseudofatos e
intriguinhas". "Veja a execução
orçamentária de 2002, de 2001, de
2000 e de 1999 e você vai encontrar uma execução orçamentária
prática, concreta, que não excede
22% do que estava orçado."
O ministro deu as declarações
após a solenidade de instalação
do Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social, ocorrida no
Palácio do Planalto. Ele aproveitou para centrar fogo contra a gestão tucana, afirmando que a situação financeira e administrativa
herdada "é um escândalo".
Restos a pagar
Seu primeiro ato no ministério
foi suspender os pagamentos da
pasta até analisá-los um a um.
Ontem, afirmou que não pretende pagar "nem um centavo" sem
que seja realizada auditoria antes.
Os restos a pagar da sua pasta
somam R$ 430 milhões, o que supera em 32% todo o orçamento
previsto para ser executado neste
ano. Deste passivo, R$ 128 milhões já estariam liquidados.
O senador Aloizio Mercadante,
líder do governo no Senado e no
Congresso, disse ontem que os
restos a pagar da Integração Nacional são os mais suspeitos de
conter irregularidades.
"Não vamos aceitar a liberação
indevida de recursos, no apagar
das luzes do governo, na última
hora, em volumes absolutamente
assustadores. Queremos transparência", afirmou Mercadante.
O senador disse que foram liberados nos últimos dias da gestão
anterior no ministério cerca de R$
160 milhões em "uma emenda altamente suspeita". Segundo ele,
tudo será auditado.
"Como é possível administrar
um ministério em que o resto a
pagar é maior do que o orçamento do ano todo?", questionou.
A Folha tentou ouvir o ex-ministro da Integração Nacional Luciano Barbosa, mas assessores informaram que ontem ele estava
viajando e não poderia comentar
as declarações de Mercadante.
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