UOL

São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AJUSTE PETISTA

Ciro diz que não tinha "ilusão" sobre orçamento

RANIER BRAGON
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Responsável pela pasta que sofreu proporcionalmente o maior corte de verbas no contingenciamento anunciado pelo governo -90,8%-, o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) disse ontem nunca ter tido a ilusão de que disporia de um orçamento abundante na pasta.
"Não alimentei nem por um segundo a ilusão em relação ao orçamento porque eu conheço a prática", afirmou. Ele afirmou considerar normal a tesourada, que, segundo sua avaliação, estaria na média das realizadas em anos anteriores.
A Integração Nacional sofreu um corte de previsão de gastos de 90,8%, diminuindo o valor autorizado de R$ 2,2 bilhões para R$ 326 milhões. "Só estou pagando folha de pessoal, fração de empréstimo internacional e o custeio, que, não sendo pago, poderia gerar multas", declarou.
Apesar dos números e da consequente situação, Ciro atribuiu a "celeuma" feita em torno das verbas de seu ministério à imprensa, dizendo que alguns jornalistas "amam financiar pseudofatos e intriguinhas". "Veja a execução orçamentária de 2002, de 2001, de 2000 e de 1999 e você vai encontrar uma execução orçamentária prática, concreta, que não excede 22% do que estava orçado."
O ministro deu as declarações após a solenidade de instalação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, ocorrida no Palácio do Planalto. Ele aproveitou para centrar fogo contra a gestão tucana, afirmando que a situação financeira e administrativa herdada "é um escândalo".

Restos a pagar
Seu primeiro ato no ministério foi suspender os pagamentos da pasta até analisá-los um a um. Ontem, afirmou que não pretende pagar "nem um centavo" sem que seja realizada auditoria antes.
Os restos a pagar da sua pasta somam R$ 430 milhões, o que supera em 32% todo o orçamento previsto para ser executado neste ano. Deste passivo, R$ 128 milhões já estariam liquidados.
O senador Aloizio Mercadante, líder do governo no Senado e no Congresso, disse ontem que os restos a pagar da Integração Nacional são os mais suspeitos de conter irregularidades.
"Não vamos aceitar a liberação indevida de recursos, no apagar das luzes do governo, na última hora, em volumes absolutamente assustadores. Queremos transparência", afirmou Mercadante.
O senador disse que foram liberados nos últimos dias da gestão anterior no ministério cerca de R$ 160 milhões em "uma emenda altamente suspeita". Segundo ele, tudo será auditado.
"Como é possível administrar um ministério em que o resto a pagar é maior do que o orçamento do ano todo?", questionou.
A Folha tentou ouvir o ex-ministro da Integração Nacional Luciano Barbosa, mas assessores informaram que ontem ele estava viajando e não poderia comentar as declarações de Mercadante.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Bahiagate: Líderes do PT já admitem abertura de CPI
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.