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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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BAHIAGATE

Governistas avaliam que Congresso terá de investigar caso dos grampos na Bahia se a polícia não apontar os mandantes

Líderes do PT já admitem abertura de CPI

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Líderes do PT e do governo no Congresso disseram ontem que, se as investigações sobre o grampo na Bahia não chegarem aos mandantes, poderão ressuscitar a idéia de abrir uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).
O pedido de CPI, levantado no começo da semana pelo deputado Nelson Pellegrino (BA), líder do PT na Câmara e um dos grampeados, foi abafado pelo Palácio do Planalto por dois motivos.
Um deles é evitar a turbulência típica das CPIs, que poderiam atrapalhar as reformas. O outro foi preservar o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), apontado por Pellegrino e outros grampeados como maior suspeito de ser o mandante do crime.
O novo discurso petista surgiu após as revelações do caso. Além de políticos, até uma ex-amiga de ACM e pessoas próximas a ela estavam na lista dos grampeados. Segundo a Folha apurou, o Planalto estaria disposto a não articular em favor do senador baiano.
A história do grampo em celulares de políticos baianos veio à tona depois que o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) pediu investigação à PF. Descobriu-se, então, que telefones de Geddel, de Pellegrino, do ex-deputado Benito Gama e de uma conhecida de ACM foram grampeados ilegalmente no ano passado a partir de solicitação do governo da Bahia. Na época, o governador era Otto Alencar (PL), aliado de ACM.
"Não vamos aceitar isso sem ampla elucidação", disse o senador Tião Viana (PT-AC), líder da bancada petista no Senado. O ministro do Trabalho, Jaques Wagner (PT-BA), é mais direto. Apesar de não ter detectado número seu na lista de telefones grampeados que o Tribunal de Justiça da Bahia levantou, ele cobra do PT atitudes que não protejam ACM.
"Acabamos de unificar o entendimento entre nós de que é preciso aguardar o desenrolar das investigações da Polícia Federal, dos fatos que estão surgindo. Se, por acaso, o curso das investigações não for suficiente, não descartamos a constituição de uma CPI na Câmara ou no Congresso", disse Pellegrino, após se reunir com o presidente do PT, José Genoino e com os senadores Tião Viana e Aloizio Mercadante, líder do governo no Senado e no Congresso.
"As lideranças da base aliada vão estar se esforçando para aprovar a pauta do governo, mas, se necessário for, vamos instaurar nesta dinâmica um processo que envolva a restauração da legalidade, da moralidade e da ética", afirmou Pellegrino. "Não descarto uma CPI", disse Mercadante. Na reunião, os petistas citaram a necessidade de a PF não se limitar a pegar os chamados "bagrinhos".


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