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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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CASO SILVEIRINHA

Suspeito de corrupção diz à CPI que ex-governador o indicou para presidir órgão na gestão de Rosinha

Acusado afirma que Garotinho o convidou para cargo

FERNANDA DA ESCÓSSIA
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

Acusado de comandar o suposto esquema de corrupção que teria enviado para a Suíça US$ 36 milhões, Rodrigo Silveirinha Corrêa disse ontem que o ex-governador Anthony Garotinho (PSB) convidou-o para dirigir o Codin (Conselho de Desenvolvimento Industrial) na gestão da governadora Rosinha Matheus (PSB).
Silveirinha foi subsecretário-adjunto de Administração Tributária da Secretaria de Fazenda na gestão de Garotinho (1999 a março de 2002). Ele depôs ontem na CPI do "Propinoduto", criada pela Assembléia Legislativa.
Disse que, um dia antes da divulgação, pela revista "Isto É", das supostas contas na Suíça, o ex-governador telefonou para ele. "Garotinho me ligou e manifestou preocupação com a repercussão que o caso poderia ter", afirmou.
O Codin é subordinado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e analisa benefícios fiscais a empresas interessadas em investir no Estado. Silveirinha chegou a ser nomeado presidente do órgão, em janeiro, mas acabou exonerado uma semana depois.
Também ouvido ontem pela CPI, o ex-chefe de gabinete da Secretaria de Fazenda em 99, Lúcio Manoel Picanço, disse ainda que os nomes para os cargos de segundo escalão, como subsecretarias, superintendências e inspetorias, eram decididos em reuniões entre o então secretário de Fazenda, Carlos Sasse, e Garotinho.
"Os nomes saíam de reuniões do secretário com o governador, das quais eu não participava. Eu creio que era no Palácio."
Essas versões contradizem o ex-governador, que se exime de responsabilidade pelas indicações de Silveirinha para cargos públicos.
Além de Silveirinha e Picanço, também foram ouvidos os fiscais Carlos Eduardo Pereira Ramos, Rômulo Gonçalves e Júlio Cesar Nogueira, todos sob investigação.
Os cinco foram unânimes em afirmar que o dinheiro depositado na Suíça não lhes pertence, mas se recusaram a assinar documentos abrindo mão dele. Disseram que cometeriam "falsidade ideológica" se abrissem mão de algo que não é deles.
Eles negaram ter feito remessas para a Suíça e disseram que não sabem como os dólares foram parar em contas abertas em nome deles. Gonçalves, Picanço e Nogueira, porém, confirmaram que são seus os números de duas identidades que aparecem no registro das contas entregue pela Procuradoria da Suíça ao Ministério Público Federal.


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