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NO AR
Os "condes"
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
A experiência eleitoral é
pouca no país, mas alguém já determinou que um
presidente tem seis meses de popularidade e só.
Lula talvez nem chegue a tanto. Não se depender de Brasília,
pelo que indica a reação ao
Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social -e ao Fome Zero antes dele.
Ontem só se ouviam críticas.
Cientistas políticos que passaram oito anos justificando qualquer ação de FHC afirmavam
que o conselho vai atrasar decisões de um governo que "a sociedade acabou de eleger para tomar decisões".
Pefelistas anunciavam, prometiam ir para o "confronto"
com o conselho.
Comentaristas da Globo previam que o conselho vai "acabar
atrapalhando", que vai "perder
tempo".
Ou, pior, diziam que "os representantes da sociedade são
os deputados e senadores e nenhum outro líder". Que no conselho "estão aqueles que o governo supõe que representem a
sociedade".
Que os conselheiros são uns
c.o.n.d.e.s. (acrônimo de Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social).
Ouviu-se até um advogado ultraconservador dizer que o presidente da República representa
só 60% do país, contra os 100%
do Congresso.
O radicalismo na reação pode
ter todas as razões do mundo.
Uma delas talvez seja aquela
mais simples: os "condes" não
são parte do universo político
estabelecido na última década.
Eles não têm os vícios, as relações de Brasília.
Mas Lula, como no Fome Zero, cedeu. Ele esvaziou o conselho, como destacou o Jornal Nacional. E prometeu:
- O conselho não vai substituir nem relativizar o poder do
Congresso.
Em resumo, Brasília enxotou
a sociedade civil.
Além do Fome Zero e do conselho, tem também os cortes no
Orçamento -e nas emendas
dos parlamentares- a exasperar a corte.
A Globo brincava ontem sobre
os técnicos do FMI, recebidos como "astros pop":
- As relações com o Fundo
vão bem. As relações domésticas
é que estão complicadas.
E tome malufista e pefelista
exigindo salário mínimo maior.
A nova oposição -de direita-
vai tomando forma querendo
soar à esquerda.
O PSDB não quer ficar para
trás. Estreou ontem sua nova
propaganda, com tudo pelo social. Concentrou-se nos governadores, no quanto fizeram pelo
Bolsa-Escola etc. etc.
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