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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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NO AR

Os "condes"

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

A experiência eleitoral é pouca no país, mas alguém já determinou que um presidente tem seis meses de popularidade e só.
Lula talvez nem chegue a tanto. Não se depender de Brasília, pelo que indica a reação ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social -e ao Fome Zero antes dele.
Ontem só se ouviam críticas. Cientistas políticos que passaram oito anos justificando qualquer ação de FHC afirmavam que o conselho vai atrasar decisões de um governo que "a sociedade acabou de eleger para tomar decisões".
Pefelistas anunciavam, prometiam ir para o "confronto" com o conselho.
Comentaristas da Globo previam que o conselho vai "acabar atrapalhando", que vai "perder tempo".
Ou, pior, diziam que "os representantes da sociedade são os deputados e senadores e nenhum outro líder". Que no conselho "estão aqueles que o governo supõe que representem a sociedade".
Que os conselheiros são uns c.o.n.d.e.s. (acrônimo de Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social).
Ouviu-se até um advogado ultraconservador dizer que o presidente da República representa só 60% do país, contra os 100% do Congresso.
O radicalismo na reação pode ter todas as razões do mundo. Uma delas talvez seja aquela mais simples: os "condes" não são parte do universo político estabelecido na última década. Eles não têm os vícios, as relações de Brasília.
Mas Lula, como no Fome Zero, cedeu. Ele esvaziou o conselho, como destacou o Jornal Nacional. E prometeu:
- O conselho não vai substituir nem relativizar o poder do Congresso.
Em resumo, Brasília enxotou a sociedade civil.
 
Além do Fome Zero e do conselho, tem também os cortes no Orçamento -e nas emendas dos parlamentares- a exasperar a corte.
A Globo brincava ontem sobre os técnicos do FMI, recebidos como "astros pop":
- As relações com o Fundo vão bem. As relações domésticas é que estão complicadas.
E tome malufista e pefelista exigindo salário mínimo maior. A nova oposição -de direita- vai tomando forma querendo soar à esquerda.
O PSDB não quer ficar para trás. Estreou ontem sua nova propaganda, com tudo pelo social. Concentrou-se nos governadores, no quanto fizeram pelo Bolsa-Escola etc. etc.


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