São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2004

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No Rio, Waldomiro tinha trânsito livre no PT e no grupo de Garotinho

DA SUCURSAL DO RIO

Amigo há anos do ministro José Dirceu (Casa Civil), o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência Waldomiro Diniz sempre foi considerado um hábil negociador político. No Rio, conseguiu ter livre trânsito no PT e no grupo do ex-governador e secretário de Segurança, Anthony Garotinho (PMDB) -hoje um dos maiores adversários do PT.
Em março de 1999, Waldomiro foi nomeado por Garotinho para ocupar a representação do Rio em Brasília, onde ficou até o início de fevereiro de 2001. Na época, Waldomiro fazia parte da cota do PT no governo estadual. Por meio da ex-ministra Benedita da Silva (PT), na época vice-governadora, Waldomiro conheceu o pastor Everaldo Dias Pereira, da Assembléia de Deus, então subsecretário do Gabinete Civil do Estado e homem de confiança de Garotinho.
A relação com os evangélicos aumentou a força de Waldomiro no governo. Após deixar a representação fluminense em Brasília, ele assumiu a presidência da Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro), onde ficou de fevereiro de 2001 até janeiro de 2003.
A informação na época era de que sua nomeação fazia parte da cota de cargos da Igreja Universal, que apoiava Garotinho. Ele, no entanto, nunca foi ligado à igreja. Como representante do governo em Brasília, conhecia bem o deputado bispo Rodrigues (PL-RJ), com quem tinha bom relacionamento. A mulher de Waldomiro, Sandra, ocupou a chefia de gabinete de Rodrigues até a nomeação do marido para a Loterj.
A Folha apurou que Garotinho, ao destinar a Loterj para a Universal, pediu que o bispo Rodrigues indicasse Waldomiro para a presidência. O bispo concordou e indicou outros membros ligados a ele para as diretorias operacionais e administrativas do órgão. Em abril de 2000, quando PT rompeu com Garotinho, Waldomiro continuou no governo, graças a sua amizade com Everaldo Dias.
Durante o governo Garotinho, a Loterj destinou, cumprindo lei estadual, cerca de R$ 30 milhões à organização não-governamental Vida-Obra Social, que na época era presidida pela governadora Rosinha Matheus, então secretária estadual de Ação Social.
Quando Garotinho deixou o governo para disputar a Presidência da República, em abril de 2002, a Igreja Universal informou Benedita, já governadora, que tinha compromissos políticos com o grupo do ex-governador e com a candidatura de Rosinha Matheus e que não poderia, portanto, participar do governo petista.
Benedita, então, exonerou toda a direção da Loterj, exceto Waldomiro, que continuou no governo estadual até a posse de Lula, quando foi convidado para voltar para Brasília, agora como subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil. Logo depois de deixar a Loterj, Waldomiro foi acusado de participar de um suposto esquema de desvio de recursos da verba publicitária do órgão. Ele negou a denúncia. O Ministério Público estadual não investigou o caso.
Entretanto, ontem, a Promotoria afirmou que agora investigará a gestão de Waldomiro na Loterj.
O TCE (Tribunal de Contas do Estado) também concluirá uma inspeção nas contas da Loterj nos anos de 2001 e 2002.


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