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No Rio, Waldomiro tinha trânsito
livre no PT e no grupo de Garotinho
DA SUCURSAL DO RIO
Amigo há anos do ministro José
Dirceu (Casa Civil), o ex-subchefe
de Assuntos Parlamentares da
Presidência Waldomiro Diniz
sempre foi considerado um hábil
negociador político. No Rio, conseguiu ter livre trânsito no PT e no
grupo do ex-governador e secretário de Segurança, Anthony Garotinho (PMDB) -hoje um dos
maiores adversários do PT.
Em março de 1999, Waldomiro
foi nomeado por Garotinho para
ocupar a representação do Rio em
Brasília, onde ficou até o início de
fevereiro de 2001. Na época, Waldomiro fazia parte da cota do PT
no governo estadual. Por meio da
ex-ministra Benedita da Silva
(PT), na época vice-governadora,
Waldomiro conheceu o pastor
Everaldo Dias Pereira, da Assembléia de Deus, então subsecretário
do Gabinete Civil do Estado e homem de confiança de Garotinho.
A relação com os evangélicos
aumentou a força de Waldomiro
no governo. Após deixar a representação fluminense em Brasília,
ele assumiu a presidência da Loterj (Loteria do Estado do Rio de
Janeiro), onde ficou de fevereiro
de 2001 até janeiro de 2003.
A informação na época era de
que sua nomeação fazia parte da
cota de cargos da Igreja Universal,
que apoiava Garotinho. Ele, no
entanto, nunca foi ligado à igreja.
Como representante do governo
em Brasília, conhecia bem o deputado bispo Rodrigues (PL-RJ),
com quem tinha bom relacionamento. A mulher de Waldomiro,
Sandra, ocupou a chefia de gabinete de Rodrigues até a nomeação
do marido para a Loterj.
A Folha apurou que Garotinho,
ao destinar a Loterj para a Universal, pediu que o bispo Rodrigues
indicasse Waldomiro para a presidência. O bispo concordou e indicou outros membros ligados a
ele para as diretorias operacionais
e administrativas do órgão. Em
abril de 2000, quando PT rompeu
com Garotinho, Waldomiro continuou no governo, graças a sua
amizade com Everaldo Dias.
Durante o governo Garotinho, a
Loterj destinou, cumprindo lei estadual, cerca de R$ 30 milhões à
organização não-governamental
Vida-Obra Social, que na época
era presidida pela governadora
Rosinha Matheus, então secretária estadual de Ação Social.
Quando Garotinho deixou o governo para disputar a Presidência
da República, em abril de 2002, a
Igreja Universal informou Benedita, já governadora, que tinha
compromissos políticos com o
grupo do ex-governador e com a
candidatura de Rosinha Matheus
e que não poderia, portanto, participar do governo petista.
Benedita, então, exonerou toda
a direção da Loterj, exceto Waldomiro, que continuou no governo
estadual até a posse de Lula, quando foi convidado para voltar para
Brasília, agora como subchefe de
Assuntos Parlamentares da Casa
Civil. Logo depois de deixar a Loterj, Waldomiro foi acusado de
participar de um suposto esquema de desvio de recursos da verba
publicitária do órgão. Ele negou a
denúncia. O Ministério Público
estadual não investigou o caso.
Entretanto, ontem, a Promotoria afirmou que agora investigará
a gestão de Waldomiro na Loterj.
O TCE (Tribunal de Contas do
Estado) também concluirá uma
inspeção nas contas da Loterj nos
anos de 2001 e 2002.
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