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ELEIÇÃO NA CÂMARA
Deputado afirma que não vai desistir de sua candidatura e que partido tenta "desvirtuar" foco de discussão
Virgílio desacata PT e diz que teme fraude
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
À véspera da eleição para a presidência da Câmara, o candidato
Virgílio Guimarães (PT-MG) se
recusou ontem a atender ao apelo
da Executiva do PT para retirar
sua candidatura. Ainda por cima,
lançou dúvidas sobre a lisura da
votação de hoje, levantando a
possibilidade de fraude.
Virgílio disse que teve a informação de que poderia haver distribuição antecipada de cédulas
marcadas, o que permitiria, depois da votação, saber como foram os votos dos deputados. "A
carne é fraca, o sistema é vulnerável", afirmou, antes de jantar organizado por entidades mineiras
em apoio à sua candidatura, ressaltando, contudo, que não acredita que o presidente da Câmara,
João Paulo Cunha (PT-SP), permita algo dessa natureza.
Ele pedirá hoje a João Paulo que
as cédulas sejam distribuídas apenas na hora da votação. Não havia
deputados petistas no jantar, que
teve a presença de cerca de 100
pessoas e 50 deputados, segundo
a assessoria de Virgílio.
A coordenação de comunicação
do candidato Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) classificou de
"absurdas" as afirmações, saídas,
segundo um assessor, "de uma
cabeça desesperada, com o desespero da derrota".
Ao longo da tarde, Virgílio tentou convencer os demais candidatos a denunciar o risco de fraude.
Mas não funcionou.
A luta continua
Por sua assessoria, ele disse não
ao pedido do PT, afirmando que
era uma tentativa de desvirtuar o
foco da discussão, que são as propostas de cada candidato. No sábado, o presidente do PT, José Genoino, informou a decisão de pedir que desistisse.
Genoino disse ontem que vai
apelar até a votação para que desista. A preocupação é que Virgílio divida os votos e cause segundo turno, tornando a situação de
Greenhalgh difícil. Os deputados
acreditam que um segundo turno
seria entre o candidato do Planalto e Severino Cavalcanti (PP-PE).
Na tentativa de consolidar o
apoio da base a Greenhalgh, o PT
ofereceu ontem um churrasco a
cerca de 185 deputados, segundo
a liderança do partido. Sete ministros também estiveram na casa do
filho do deputado Luiz Piauhylino (PDT-PE).
No almoço, houve um mal-estar
quando, cercado por petistas da
chamada tropa de choque governista, o líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (PT-SP), tentou convencer o líder Arlindo Chinaglia (PT-SP) a cancelar a reunião da bancada, programada para depois. "Está suspensa, então", disse Luizinho. "De jeito nenhum", respondeu Chinaglia. "Mas há um boato [de que
não vai ter reunião]", pressionou
Paulo Pimenta (RS). "Quem foi o
vagabundo [que disse]?", perguntou Chinaglia diante de colegas.
Segundo um petista, a idéia de
adiar para hoje a reunião era de
impedir que o partido escolhesse
um titular para a ouvidoria da Câmara -da cota do PT- antes
que se fechasse um acordo que dê
o cargo para o PSDB. A reunião
foi mantida, mas não foi escolhido o candidato à ouvidoria.
Em discurso, Greenhalgh e o
atual presidente da Casa, João
Paulo Cunha (PT-SP), pediram
aos deputados que continuem o
esforço de boca-de-urna para garantir a vitória no primeiro turno.
"Vamos em frente, à luta, nessa
mesma garra que a gente está vindo até aqui, para garantir amanhã
[hoje] a vitória no primeiro turno", disse Greenhalgh, que depois
se reuniu com lideranças petistas.
Mea-culpa
Em seu discurso, João Paulo disse que, no passado, o PT não soube compreender a importância de
o partido majoritário indicar o
presidente da Câmara. "Isso é
uma lição, em particular para os
partidos que são menores e para
nós, do PT, que em outros momentos não soubemos interpretar aquilo que é tradicional na Casa e que é também um valor importante para a democracia."
Na reunião após o churrasco estiveram Genoino, o tesoureiro do
PT, Delúbio Soares, e Greenhalgh.
Os petistas pediram que cada deputado convença seus colegas.
Já Virgílio fez campanha em São
Paulo, onde deu entrevista para
um programa de televisão. À tarde, esteve reunido com coordenadores de campanha em Brasília.
Para conseguir o apoio do PSDB
à candidatura de José Carlos Aleluia (PFL-BA), o PFL vai jogar
com a aliança entre as duas legendas para a eleição presidencial do
ano que vem.
Ao reafirmar ontem que permanece na disputa pelo comando da
Câmara, Aleluia disse que a união
de forças entre os dois partidos
agora demonstraria as condições
para replicar no ano que vem a
coligação que elegeu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 1994. "Gostaríamos de ter o
apoio formal do PSDB", afirmou.
A eleição acontece hoje, às 16h.
Há cinco candidatos disputando a
presidência: Greenhalgh, Virgílio,
Cavalcanti, Aleluia e Jair Bolsonaro (PFL-RJ). A votação é feita em
cédulas de papel e precisa de quórum mínimo de 257 deputados.
Compareceram ao churrasco o
ministro da Previdência, Amir
Lando (PMDB-RO), o dos Transportes, Alfredo Nascimento (PL-AM), o das Comunicações, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o dos
Esportes, Agnelo Queiroz (PC do
B-DF), o da Ciência e Tecnologia,
Eduardo Campos (PSB-PE), o da
Coordenação Política, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e o da Pesca, José
Fritsch (PT-SC).
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