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Planalto filia 4 ao PMDB no fim de semana
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Palácio do Planalto filiou deputados ao PMDB durante o final
de semana para tentar diminuir o
poder no partido do secretário de
Governo do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho. Essa movimentação fez a bancada da legenda ficar do tamanho da do PT, que era
a maior da Casa. As duas siglas estavam com 90 deputados até o fechamento desta edição.
O objetivo é tentar impedir a estratégia de Garotinho e do presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), de tirar o deputado José Borba (PR), que é governista, da liderança do partido, e
colocar em seu lugar o deputado
Saraiva Felipe (MG), que é da ala
oposicionista.
O grupo de Garotinho deve votar no deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) para a presidência
da Câmara. O candidato oficial do
PT, apoiado pelo Palácio do Planalto, é o deputado Luiz Eduardo
Greenhalgh (SP).
"No PMDB está uma guerra entre governistas e oposicionistas. O
Garotinho entrou pesado e está filiando deputados. Estamos torcendo e até trabalhando para que
o Borba ganhe essa parada. Se ganha a turma do Temer, eles vão
ter a maior bancada, e nós não vamos ter a primazia da escolha das
comissões", disse o líder do PT,
deputado Arlindo Chinaglia (SP),
para a bancada petista.
O ministro Eunício Oliveira
(Comunicações) filiou ao PMDB
quatro deputados durante o final
de semana: Lúcia Braga (PT-PB),
Lino Rossi (PP-MT), Enio Tatico
(PTB-GO) e Renato Cozzolino
(PSC-RJ). Mais parlamentares
eram esperados até o final da noite de ontem. A ofensiva governista é para se contrapor à filiação de
sete deputados feita por Garotinho no início deste mês.
"Essa vai ser uma noite longa e
teremos também um longo dia
amanhã [hoje]. Não podemos entrar com a musculatura frouxa",
disse Chinaglia na reunião da
bancada petista.
O efeito colateral da manobra
do Planalto para aumentar o
PMDB é que as presidências das
comissões temáticas da Câmara
são definidas de acordo com o tamanho das bancadas.
Ao perder a primazia da escolha
das comissões, o PT pode ficar
sem a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que é a mais importante da Casa. Um acordo feito com Borba vai garantir a CCJ
para os petistas se ele continuar
na liderança do PMDB.
Se Borba for retirado da liderança pelo grupo de Garotinho, o PT
vai formar um bloco com outros
partidos da base aliada para manter a prioridade da escolha das comissões. Esse bloco deve ser desfeito logo após a definição das
presidências das comissões.
Troca-troca
Nesta legislatura, 132 deputados
- 25,7% da Câmara- trocaram
de partido 159 vezes, de acordo
com levantamento em todos os
partidos até sexta-feira. Cinco deputados foram campeões de infidelidade, pertencendo a quatro siglas nestes dois anos de mandato.
Os cinco são ligados a Garotinho.
Nesta época do ano, aumenta o
troca-troca partidário, pois as
presidências das comissões temáticas da Câmara são definidas de
acordo com o tamanho das bancadas. A do PT na Câmara, por
exemplo, que havia atingido 91 integrantes com a chegada da deputada Ana Guerra (MG), voltou
ontem para 90 deputados. Ana
Guerra ocupou o lugar do terceiro
suplente Alexandre da Silveira de
Oliveira (PL-MG), que ainda não
havia assumido.
Os campeões de troca de legenda neste mandato foram os deputados Cabo Júlio (PMDB-MG),
Carlos Willian (PMDB-MG), Zequinha Marinho (PMDB-PA),
Sandro Matos (PTB-RJ) e Pastor
Amarildo (PMDB-TO).
O deputado Carlos Willian usou
uma metáfora para explicar a troca de partidos. "No futebol tinha a
paixão pelo time, hoje existe o troca-troca dos jogadores por interesse financeiro. A mesma coisa
acontece com os partidos, não
tem mais identidade", disse ele.
Cabo Júlio disse que foi para o
PMDB para eleger dois mineiros:
Virgílio na presidência e Saraiva
Felipe na liderança. As motivações seriam acordos regionais para as próximas eleições. Ele pretende se candidatar à reeleição.
Sandro Matos (PTB-RJ) rompeu com Garotinho nas eleições
municipais de outubro, mas disse
que trocou tantas vezes de partido
acompanhando o ex-governador.
Zequinha Marinho (PMDB-PA)
também disse que trocou de legenda seguindo Garotinho. Pastor Amarildo (PMDB-TO) estava
no interior do Estado e não foi localizado pela sua assessoria.
Uma das formas de coibir a infidelidade partidária é a aprovação
da reforma política, que está parada na Câmara. A proposta em tramitação obriga os parlamentares
a ficarem em uma mesma sigla
três anos antes da eleição.
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