São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

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TSUNAMI SOCIAL

Temporais atingem 400 mil habitantes; leptospirose contamina água e já deixa 18 mortos

Guiana enfrenta caos na saúde pública

LUIZ FRANCISCO
DA AGENCIA FOLHA, EM GEORGETOWN

A Guiana, país que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai visitar por dois dias (amanhã e terça-feira), enfrenta sérios problemas de saúde pública -contaminação da água que abastece a sua capital, Georgetown, e um surto de leptospirose que já provocou a morte de 18 pessoas nos últimos 30 dias e deixou outras 120 infectadas, de acordo com dados oficiais.
Nas emissoras de rádio e televisão da Guiana, único país da América do Sul que tem o inglês como idioma oficial, a visita do presidente Lula mereceu pouco destaque até sexta -o assunto predominante é o caos provocado pelas chuvas que atingiram principalmente Georgetown nas últimas duas semanas de janeiro e início de fevereiro. O país faz fronteira com Roraima e Pará.
A situação é tão crítica que a Embaixada do Brasil em Georgetown divulgou uma nota recomendando que os brasileiros que moram no país (oficialmente, 3.500; extra-oficialmente, 10 mil) utilizem apenas água mineral engarrafada, com data de fabricação preferencialmente anterior a 14 de janeiro, inclusive para fazer a higiene bucal.
A nota pede também para os brasileiros não consumirem alimentos crus ou frutas com casca e não ingerirem água das torneiras e chuveiros. De acordo com a embaixada, quem sentir dor de cabeça, dor muscular, febre, vômito ou diarréia, principais sintomas da leptospirose -doença provocada pela urina de rato-, deve buscar "imediato atendimento médico".
"O Ministério da Saúde da Guiana trabalha com a possibilidade de irrupção de outras doenças relacionadas às enchentes", diz o texto.
O governo também está distribuindo reservatórios de plástico, principalmente para os moradores da periferia, e conclamando a população a tratar toda a água com cloro.
"Mais de 400 mil dos 700 mil habitantes do país foram atingidos pelos temporais", disse o diretor do Centro de Estudos Brasileiros em Georgetown, Elíseo Domingues de Souza, 49.
O retrato do caos provocado pelas chuvas pode ser visto a menos de cinco quilômetros do centro de Georgetown, cidade com aproximadamente 180 mil habitantes -esgoto a céu aberto, lixo acumulado, cavalos, bois, cabritos e porcos circulando livremente por ruas e avenidas. Para complicar ainda mais o trânsito, todos os semáforos da cidade não funcionam desde a semana passada.

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