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Brasileiros dizem ganhar bons salários no país
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GEORGETOWN
Sem trabalhar formalmente
desde 2001, Aldo Antonio Sabino, 51, encontrou na Guiana um
emprego de causar inveja a milhões de brasileiros -transportar alimentos e bebidas para o
país. "Trabalho três ou quatro
dias por mês e faturo R$ 7.000
por viagem, já descontado todo
o meu gasto", diz o motorista,
que abastece os estabelecimentos gerenciados por brasileiros
com bebidas, cigarros, verduras
e alimentos.
Para burlar a fiscalização, Sabino usa uma fórmula -vai até a
fronteira (cidade de Lethen)
transportando as encomendas
em um caminhão "brasileiro".
"Quando chego à fronteira, descarrego tudo em um caminhão
"da Guiana". A partir daí, não
existe problema."
Sabino conta que nunca foi
barrado por um policial. "Todo
mundo sabe que grande parte
do comércio entre os dois países
é informal e sem fiscalização."
As bebidas -cerveja e refrigerante- trazidas pelo comerciante são distribuídas principalmente entre as quatro maiores churrascarias que funcionam
em Georgetown, todas comandadas por brasileiros.
"Larguei um emprego de motorista de ônibus no Brasil para
trabalhar em troca de R$ 600 numa churrascaria daqui. Depois
de dois anos e meio, deixei de ser
empregado e passei a ser patrão.
O negócio aqui deu tão certo que
nunca mais voltei ao Brasil",
conta José da Rocha, 52, que deixou Junqueirópolis (638 km a
noroeste de São Paulo) para trabalhar em Boa Vista (RR), antes
de chegar à capital da Guiana,
em outubro de 2001.
A troca valeu a pena -em média, a churrascaria atende a cerca
de 200 clientes por dia, que pagam US$ 15 (cerca de R$ 39) pela
refeição. O comerciante aceita
pagamento em real.
Mas o principal trabalho para
os brasileiros que moram no
país é a mineração. Casado, dois
filhos, José Lima mora há cinco
anos na Guiana e recebe R$ 1.400
mensais para trabalhar no garimpo. "A minha vida é dura,
acordo às 4h, trabalho todos os
dias, mas tenho a recompensa
no final do mês. No Brasil está
muito difícil", diz. (LF)
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