São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

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Brasileiros dizem ganhar bons salários no país

DA AGÊNCIA FOLHA, EM GEORGETOWN

Sem trabalhar formalmente desde 2001, Aldo Antonio Sabino, 51, encontrou na Guiana um emprego de causar inveja a milhões de brasileiros -transportar alimentos e bebidas para o país. "Trabalho três ou quatro dias por mês e faturo R$ 7.000 por viagem, já descontado todo o meu gasto", diz o motorista, que abastece os estabelecimentos gerenciados por brasileiros com bebidas, cigarros, verduras e alimentos.
Para burlar a fiscalização, Sabino usa uma fórmula -vai até a fronteira (cidade de Lethen) transportando as encomendas em um caminhão "brasileiro". "Quando chego à fronteira, descarrego tudo em um caminhão "da Guiana". A partir daí, não existe problema."
Sabino conta que nunca foi barrado por um policial. "Todo mundo sabe que grande parte do comércio entre os dois países é informal e sem fiscalização."
As bebidas -cerveja e refrigerante- trazidas pelo comerciante são distribuídas principalmente entre as quatro maiores churrascarias que funcionam em Georgetown, todas comandadas por brasileiros.
"Larguei um emprego de motorista de ônibus no Brasil para trabalhar em troca de R$ 600 numa churrascaria daqui. Depois de dois anos e meio, deixei de ser empregado e passei a ser patrão. O negócio aqui deu tão certo que nunca mais voltei ao Brasil", conta José da Rocha, 52, que deixou Junqueirópolis (638 km a noroeste de São Paulo) para trabalhar em Boa Vista (RR), antes de chegar à capital da Guiana, em outubro de 2001.
A troca valeu a pena -em média, a churrascaria atende a cerca de 200 clientes por dia, que pagam US$ 15 (cerca de R$ 39) pela refeição. O comerciante aceita pagamento em real.
Mas o principal trabalho para os brasileiros que moram no país é a mineração. Casado, dois filhos, José Lima mora há cinco anos na Guiana e recebe R$ 1.400 mensais para trabalhar no garimpo. "A minha vida é dura, acordo às 4h, trabalho todos os dias, mas tenho a recompensa no final do mês. No Brasil está muito difícil", diz. (LF)

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