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Sob Cabral, empresa multiplica os contratos com o governo do Rio
Estado alega que fez pregões; contratos somaram R$ 66,9 milhões em 2008
DA SUCURSAL DO RIO
O governo do Rio comprou a
maioria dos equipamentos de
informática do Estado em 2008
da empresa do sócio do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Jorge Picciani
(PMDB), aliado do governador
Sérgio Cabral Filho (PMDB).
A Investiplan, de Paulo Trindade, conseguiu multiplicar os
contratos após a eleição de Cabral. Em 2006, os contratos do
governo com a empresa somavam R$ 11,3 milhões. Um ano
depois, os valores multiplicaram em mais de seis vezes, chegando a R$ 73,5 milhões. Em
2008, foram R$ 66,9 milhões.
Trindade passou a negociar
gado com Picciani a partir de
2005. Desde então, os dois já
compraram bois em condomínio, organizaram leilões e comercializaram gado entre si. O
caso foi revelado anteontem
pelo jornal "O Globo".
O governo do Estado afirmou
que os contratos foram celebrados em pregões eletrônicos,
nos quais as empresas que disputam a licitação só são identificadas após a definição do preço. Picciani afirmou que nunca
influenciou nas compras do Estado. A Investiplan disse que
"nunca precisou de influência
política para vencer licitações".
Além da escalada dos valores
dos contratos, a Investiplan
conseguiu no ano passado um
"monopólio" no pagamento
por parte do governo do Estado
na rubrica "equipamento para
processamento de dados". De
acordo com dados da Secretaria
da Fazenda, 93,9% dos valores
efetivamente pagos pelo governo foram para a empresa.
Trindade e Picciani são amigos há 15 anos, segundo o deputado, mas só em 2005 eles fecharam o primeiro negócio.
Desde então, participaram juntos de ao menos cinco transações de gado (seja como sócios
ou venda entre si). A maior operação ocorreu em 2006, quando Trindade pagou R$ 1,04 milhão por 50% do clone da vaca
mais premiada da Fazenda
Monte Verde, de Picciani.
"Sou pecuarista há 25 anos e
reconhecido no setor como um
dos maiores formadores e fornecedores de genética do país,
tendo contribuído ao longo
desses anos para a melhoria da
qualidade do plantel do Brasil,
que ocupa hoje a condição de
maior exportador de carne do
mundo", afirmou o deputado.
Cabral defendeu os contratos: "O pregão eletrônico é
transparente, todos podem
participar. É um formato que
permite o acompanhamento
online. Empresas de todo o
Brasil podem participar. Se essa empresa oferece o melhor
preço, qual é o problema?"
A Investiplan afirmou, por
meio de sua assessoria de imprensa, que nunca participou
"de licitação que tenha sido revogada por qualquer órgão fiscalizador de contas públicas".
"Temos tamanho e credibilidade junto a fornecedores e a instituições financeiras para disputar com os menores preços",
afirma a nota da empresa.
O deputado Comte Bittencourt fez uma representação no
Ministério Público sobre a
compra de 31 mil laptops por
R$ 58 milhões. Ele afirmou ter
estranhado a compra, feita em
dezembro, ter sido entregue e
paga no período de um mês.
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