São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2009

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Juízes são acusados de desviar R$ 1 mi de TJ

Promotoria diz que parte dos recursos foi usada para cobrir rombo de cooperativa de crédito conveniada à maçonaria em MT

Nenhum dos três acusados se manifestou; segundo corregedoria, pagamento de créditos a magistrados era a origem do dinheiro

RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

O Ministério Público de Mato Grosso protocolou ação de improbidade administrativa contra dois desembargadores e um juiz acusados de envolvimento em suposto esquema que desviou R$ 1.098.347,97 em verbas do Tribunal de Justiça do Estado, entre dezembro de 2004 e fevereiro de 2005.
Segundo a Promotoria, José Ferreira Leite e José Tadeu Cury -então o presidente e o vice do TJ-, além do juiz auxiliar da presidência, Marcelo Souza de Barros, comandaram operação de pagamentos irregulares em benefício próprio e de outros magistrados.
A ação tem como base um relatório de investigação criminal feito pela corregedoria. Além de "enriquecimento ilícito", a Promotoria diz haver "provas categóricas" de que parte das verbas foi usada para cobrir um rombo causado pela quebra de uma cooperativa de crédito conveniada à maçonaria.
"Restou evidenciada a atuação desses dois magistrados [Leite e Barros], numa operação de socorro financeiro à pessoa jurídica de direito privado Grande Oriente [representação maçônica]", diz a ação.
Presidente do TJ de 2003 a 2005, Leite acumulava desde aquela época a função de grão-mestre da entidade. Sob sua orientação, 160 maçons depositaram suas economias na Cooperativa de Crédito Rural do Pantanal, que foi fechada pelo Banco Central em 2004 por indícios de irregularidades e falta de liquidez. Com isso, os maçons viram sumir R$ 1,4 milhão em depósitos.
"Alguém teve a luminosa ideia de buscar recursos da fonte do Tribunal de Justiça por meio de pagamentos de créditos aos seus magistrados, maçônicos ou não", diz o relatório.
Em janeiro de 2005, diz a corregedoria, Leite recebeu indevidamente créditos de R$ 314 mil, assim como os repassados a Barros (R$ 255.306) e Cury (R$ 120.989). Duas juízas disseram à corregedoria terem sido convencidas a emprestar parte dos créditos recebidos "para resolver a situação financeira da maçonaria".
A Promotoria pede que os três percam cargos e direitos políticos e devolvam os valores supostamente desviados.


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