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ESTADO DE ALERTA
Deputados se isolaram em um hotel de Atibaia (SP) para "se vigiarem"
Oposição viaja para não perder votos
DA REPORTAGEM LOCAL
Com o retorno ontem do governador Geraldo Alckmin
(PSDB) a São Paulo, ao menos
30 deputados oposicionistas se
isolaram num hotel em Atibaia
(a 60 km de SP) para tentar evitar a migração de votos para o
candidato do governo do Estado. O que está em jogo é o nome
do próximo presidente da Assembléia de São Paulo, que será
definido amanhã.
A disputa antecipa a eleição
do ano que vem, quando serão
escolhidos o presidente da República e os novos governantes
estaduais. Alckmin, pré-candidato à Presidência, espera o
apoio do Legislativo nos dois últimos anos de governo.
O candidato do governo ao
posto é Edson Aparecido
(PSDB). Em viagem aos EUA,
Alckmin foi informado da entrada de Rodrigo Garcia, líder
do PFL, na disputa. A candidatura de Garcia abala a aliança
entre tucanos e pefelistas para
2006 e dá mais oxigênio ao PT,
que acredita na possibilidade de
enfraquecer o PSDB no Estado.
Ontem, o governador telefonou para alguns deputados da
oposição e se reuniu com outros
no Palácio dos Bandeirantes. Na
quinta, um tucano dizia nos
corredores da Assembléia que o
governo estadual "ainda não
havia usado nem uma pá carregadeira, quanto mais um trator", querendo dizer que usaria
todos os recursos para atrair os
que estivessem com Garcia.
Foi para evitar possível migração de votos que a oposição se
reuniu em Atibaia. "Aqui, um
vigia o outro", afirmou um parlamentar. Todos viajaram com
a família. As despesas, disseram,
foram pagas do próprio bolso.
O grupo que se formou em
torno de Garcia informa ter 55
votos -9 a mais do que o necessário para eleger o presidente.
2006
Adversário nacional do PFL, o
PT não perdeu tempo em aderir, com seus 23 deputados, à
candidatura de Garcia. O objetivo é tirar o PSDB da presidência,
impondo derrota parecida à sofrida na Câmara dos Deputados,
onde Severino Cavalcanti (PP-PE) venceu, apoiado pelo PSDB.
Embora Garcia faça questão
de frisar que não será oposição a
Alckmin, petistas sabem do peso de seus votos (com PMDB e
PC do B, somam 28) e esperam
ter mais ascendência sobre a
presidência para dificultar a vida do governador. "Não queremos uma Mesa Diretora de oposição nem de situação, mas de
independência", disse o líder
petista, Cândido Vaccarezza.
A esperança dos petistas é
que, uma vez na presidência,
Garcia não dificulte a aprovação
de CPIs. Mais de 40 pedidos estão parados. Segundo o PT, 22
citam o governo do Estado.
Garcia disse que, mesmo sendo da base de apoio, fará gestão
diferente, caso vença o pleito.
"O deputado Edson Aparecido,
por ser o candidato do PSDB,
representa a continuidade; nós
somos a alternativa." Atualmente, a Assembléia é presidida
por Sidney Beraldo (PSDB).
Garcia foi chefe-de-gabinete
de Kassab quando este era secretário do ex-prefeito Celso
Pitta. Na eleição para a Prefeitura de São Paulo, em 2004, o PT
fez campanha contra Kassab
-Garcia é sócio dele, e ambos
são investigados pelo Ministério
Público por suposto enriquecimento ilícito. "O Rodrigo Garcia é uma coisa, e o Kassab, outra", disse Vaccarezza.
Apesar da manobra da oposição, Edson Aparecido diz estar
confiante na vitória e, para isso,
pretende usar o próprio PFL para esvaziar a candidatura de
Garcia. "A declaração de Cláudio Lembo [PFL, vice de Alckmin] de que a direção estadual
não apóia Garcia terá um bom
impacto."
(CHICO DE GOIS E LILIAN CHRISTOFOLETTI)
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