São Paulo, terça-feira, 14 de março de 2006

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REMESSAS SUSPEITAS

Toninho deve atuar como testemunha

Procurador pede redução de pena de doleiro por colaborar com a Justiça

Lula Marques - 20.set.05/Folha Imagem
Toninho da Barcelona, que pode ter pena reduzida, depõe a CPIs sobre remessas a políticos


MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O procurador da República Orlando Martello, integrante da força-tarefa que investiga as remessas ilegais de dólares por meio do Banestado do Paraná, pediu a redução da pena do doleiro Antonio Oliveira Claramunt em "pelo menos" um terço.
O doleiro, conhecido como Toninho da Barcelona, obteve o pedido de redução de pena porque decidiu colaborar com a Justiça. O doleiro foi condenado no Paraná a 15 anos de prisão. Em São Paulo, recebeu sentença de mais dez anos. Entre 1996 e 2002, ele movimentou US$ 500 milhões, segundo a CPI do Banestado, que investigou as remessas.
Toninho tornou-se conhecido por afirmar que fez negócios que tinham como cliente final o PT. Numa sessão conjunta da CPI dos Bingos, dos Correios e do Mensalão, em setembro, ele contou que trocou em 2002 cerca de US$ 2 milhões para o doleiro Dario Messer e que o destino do dinheiro, correspondente a R$ 7 milhões na época, era a campanha do PT.
As revelações de Toninho sobre políticos, no entanto, são as mais anêmicas, segundo a Folha apurou. Não há nenhum político de renome nos depoimentos que prestou em Curitiba -ele foi transferido para a cidade em 19 de agosto do ano passado e deve voltar para uma penitenciária em São Paulo nas próximas semanas.
O doleiro não conseguiu apresentar provas contábeis dos eventuais negócios que tenha realizado com partidos e políticos, de acordo com apuração da Folha.
Já contra doleiros a contabilidade de Toninho é farta de provas. No pedido de redução de pena, datado do dia 8, o procurador informa que ele deve atuar como testemunha de acusação em ações penais contra 20 doleiros. Procurado pela Folha, Martello disse que não poderia comentar as revelações do doleiro pois as ações correm sob segredo de Justiça.
No pedido que encaminhou, ele relata que Toninho ajudou peritos do Instituto Nacional de Criminalística e delegados da Polícia Federal a "identificar "doleiros" e casas de remitências".
O advogado Ricardo Sayeg, que defende o doleiro, diz que pedirá a extensão da redução da pena para a condenação em São Paulo.


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