São Paulo, terça-feira, 14 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO" /NOVAS CONEXÕES

Depoimento indica que empresário e advogado agiam juntos na CPI do Banestado

Ex-assessor do PMDB pediu dinheiro, diz ex-banqueiro

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Depoimento do ex-banqueiro Luiz Antônio Scarpin à 2ª Vara Federal de Curitiba, aponta que o empresário Antônio Celso Garcia, 52, conhecido como Tony Garcia, e o ex-assessor do PMDB Roberto Bertholdo, 44, agiram em conjunto na tentativa de obter vantagens financeiras com a CPI do Banestado, que teve início em 2003 e terminou em 27 de dezembro de 2004 sem votar seu relatório final.
Segundo Scarpin, Bertholdo foi apresentado a ele por Tony Garcia -ex-companheiro de chapa de Bertholdo numa disputa ao Senado- como o advogado que evitaria que ele, Scarpin, fosse convocado pela comissão parlamentar.
No depoimento, prestado no dia 27 de janeiro deste ano, Scarpin -apontado como dono do banco Integracion, que recebia no Paraguai remessas via contas CC5 (de não-residentes no país) do banco Araucária- disse que Tony Garcia pediu R$ 1 milhão para Bertholdo impedir sua convocação pela comissão.
"Eu falei ao Bertholdo que o Tony estava louco em pedir um milhão. Ele [Bertholdo] disse que de fato poderia chegar a esse valor, mas no começo seriam R$ 300 mil", declarou.

Dono de bingo>
No depoimento do ex-banqueiro e dono de bingo na região metropolitana de Curitiba, ele cita uma ameaça recebida de Bertholdo, quando -depois de gravar conversas com Bertholdo- se recusou a pagar o valor combinado.
Em depoimento prestado na mesma 2ª Vara Federal, um pouco antes que Scarpin, em 13 de janeiro, Roberto Bertholdo apresentou uma outra versão para a história. Segundo ele, quem tentou extorquir dinheiro de Scarpin foi Tony Garcia.
Bertholdo disse que foi ele próprio quem desistiu de advogar para Scarpin e negou que o tenha ameaçado de morte.
Gravações em poder da Justiça Federal mostram que Bertholdo citou o deputado federal José Mentor (PT-SP) como o parlamentar que poderia impedir a convocação de Scarpin pela CPI do Banestado. Ontem, José Mentor disse à Folha só saber agora que Bertholdo utilizava o fato de assessorar o PTB, e depois o PMDB, para praticar extorsão.

Ofício
Mentor repassou à Folha cópia de ofício de janeiro de 2004 que pede providências ao Ministério da Justiça sobre denúncias de tentativa de extorsão utilizando o nome da CPI que resultou na prisão do ex-vereador paulistano Armando Mellão Netto.
No seu depoimento de 13 de janeiro, Bertholdo se recusa a responder sobre suas ligações com o deputado José Mentor. Segundo ele, a Vara Federal não teria competência para investigar parlamentares.
Para a Folha, Bertholdo disse que a história sobre influenciar na CPI do Banestado está sendo montada por Tony Garcia e que existe uma tentativa deliberada de incriminá-lo.


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