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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO" /NOVAS CONEXÕES
Depoimento indica que empresário e advogado agiam juntos na CPI do Banestado
Ex-assessor do PMDB pediu dinheiro, diz ex-banqueiro
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Depoimento do ex-banqueiro
Luiz Antônio Scarpin à 2ª Vara
Federal de Curitiba, aponta que o
empresário Antônio Celso Garcia,
52, conhecido como Tony Garcia,
e o ex-assessor do PMDB Roberto
Bertholdo, 44, agiram em conjunto na tentativa de obter vantagens
financeiras com a CPI do Banestado, que teve início em 2003 e terminou em 27 de dezembro de
2004 sem votar seu relatório final.
Segundo Scarpin, Bertholdo foi
apresentado a ele por Tony Garcia
-ex-companheiro de chapa de
Bertholdo numa disputa ao Senado- como o advogado que evitaria que ele, Scarpin, fosse convocado pela comissão parlamentar.
No depoimento, prestado no
dia 27 de janeiro deste ano, Scarpin -apontado como dono do
banco Integracion, que recebia no
Paraguai remessas via contas CC5
(de não-residentes no país) do
banco Araucária- disse que
Tony Garcia pediu R$ 1 milhão
para Bertholdo impedir sua convocação pela comissão.
"Eu falei ao Bertholdo que o
Tony estava louco em pedir um
milhão. Ele [Bertholdo] disse que
de fato poderia chegar a esse valor, mas no começo seriam R$ 300
mil", declarou.
Dono de bingo>
No depoimento do ex-banqueiro e dono de bingo na região metropolitana de Curitiba, ele cita
uma ameaça recebida de Bertholdo, quando -depois de gravar
conversas com Bertholdo- se recusou a pagar o valor combinado.
Em depoimento prestado na
mesma 2ª Vara Federal, um pouco antes que Scarpin, em 13 de janeiro, Roberto Bertholdo apresentou uma outra versão para a
história. Segundo ele, quem tentou extorquir dinheiro de Scarpin
foi Tony Garcia.
Bertholdo disse que foi ele próprio quem desistiu de advogar para Scarpin e negou que o tenha
ameaçado de morte.
Gravações em poder da Justiça
Federal mostram que Bertholdo
citou o deputado federal José
Mentor (PT-SP) como o parlamentar que poderia impedir a
convocação de Scarpin pela CPI
do Banestado. Ontem, José Mentor disse à Folha só saber agora
que Bertholdo utilizava o fato de
assessorar o PTB, e depois o
PMDB, para praticar extorsão.
Ofício
Mentor repassou à Folha cópia
de ofício de janeiro de 2004 que
pede providências ao Ministério
da Justiça sobre denúncias de tentativa de extorsão utilizando o nome da CPI que resultou na prisão
do ex-vereador paulistano Armando Mellão Netto.
No seu depoimento de 13 de janeiro, Bertholdo se recusa a responder sobre suas ligações com o
deputado José Mentor. Segundo
ele, a Vara Federal não teria competência para investigar parlamentares.
Para a Folha, Bertholdo disse
que a história sobre influenciar na
CPI do Banestado está sendo
montada por Tony Garcia e que
existe uma tentativa deliberada de
incriminá-lo.
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