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À espera de CPI, oposição obstrui votações
Em represália à não-instalação de comissão sobre apagão aéreo, PFL, PSDB e PPS impedem Câmara de seguir pauta
Ministro do STF Celso de Mello deve decidir hoje se CPI deve ser criada; ontem,
ele se declarou favorável a garantir direito da minoria
LETÍCIA SANDER
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma reação à não-instalação da CPI do Apagão Aéreo,
os partidos de oposição conseguiram ontem impedir votações de projetos na Câmara dos
Deputados. O presidente da
Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), reconheceu que a semana
"começa com dificuldades".
"Do ponto de vista do que vínhamos conseguindo, é evidente que a semana começa com
dificuldades. Mas [a ação da
oposição] é regimental e, portanto, democrática", afirmou.
Chinaglia encerrou a sessão
de votação no plenário às 19h -
assim, a Câmara não paga hora
extra aos servidores da Casa.
"Achei oportuno encerrar, por
que não haveria condição de
votar em tempo civilizado."
A tentativa de impedimento
das votações foi anunciada pela
oposição depois que, na semana passada, as legendas aliadas
conseguiram suspender a instalação da CPI até que a CCJ
(Comissão de Constituição e
Justiça) julgue se há fato determinado para as investigações.
Apesar de serem minoria, os
oposicionistas se valeram de
uma série de manobras protelatórias para estender o tempo
de discussão das matérias e,
com isso, dificultar a votação
das mesmas. Estavam previstos na pauta de ontem projetos
voltados ao combate da exploração infantil e da mulher.
Mais cedo, a operação dos
partidos de oposição já havia sido bem-sucedida na CCJ, que
também não conseguiu votar
nenhuma matéria.
Supremo
Hoje, está prevista a votação
do requerimento relativo à CPI
na CCJ. PSDB, PFL e PPS ainda
aguardam o julgamento de ação
protocolada no STF (Supremo
Tribunal Federal), que pede a
criação imediata da CPI.
As legendas aliadas combatem a CPI por temer que as investigações recaiam sobre temas sensíveis ao governo.
Relator do mandado de segurança contra a manobra governista que impediu a instalação
da CPI do Apagão Aéreo, o ministro do STF Celso de Mello
defendeu ontem o direito das
minorias às investigações parlamentares, ao receber em seu
gabinete os líderes da oposição,
que são autores da ação.
"A questão é muito relevante.
Suscita-se cada vez mais a alegação de que as maiorias parlamentares não podem transgredir o direito das minorias."
Ele lembrou que o STF mudou a sua jurisprudência em
2005, quando obrigou o Congresso a instalar a CPI dos Bingos. Para ele, esse foi "um passo
importante".
Mello disse que ainda não decidiu sobre a concessão do pedido de liminar, porque examina com cautela o risco de interferência do Judiciário em atividade do Legislativo.
O ministro deverá decidir
hoje individualmente o pedido
de liminar. Ele poderia submetê-la ao plenário, mas disse que
não cogita essa possibilidade.
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