São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2008

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Marta acerta com Lula sua candidatura em São Paulo

Ministra diz a presidente que não pretendia concorrer, mas cedeu a avaliação do PT

Exigência feita por ela foi de apoio explícito de Lula na campanha; em caso de derrota, não há garantia de retorno à Esplanada

Alan Marques - 27.set.2007/Folha Imagem
Marta e Lula participam de reunião no Planalto no ano passado


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ministra do Turismo, Marta Suplicy, acertou ontem de manhã em conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que será candidata à Prefeitura de São Paulo em outubro.
Segundo a Folha apurou, Marta disse que não tinha intenção de concorrer à prefeitura, que ocupou entre 2001 e 2005. Mas afirmou que era unanimidade no PT a avaliação de que ela deveria se candidatar. Daí ter aceitado a idéia.
Marta colocou uma condição: apoio explícito do presidente. Lula disse que subirá no palanque e que se empenhará para elegê-la. Mas, em caso de derrota, não está garantida a volta automática ao ministério.
Antes da reunião, auxiliares presidenciais enviaram recado à ministra que, se quisesse concorrer, não condicionasse a candidatura a um retorno ao ministério. Ela concordou.
Marta tem até 5 de junho para deixar a pasta. Ela não marcou com Lula a data de saída. Ambos ficaram de conversar sobre o melhor momento, pois o presidente quer uma operação de saída casada com a de Luiz Marinho (Previdência) -ele também acertou que concorrerá em São Bernardo.
Marta deseja influir na escolha do sucessor. Por ora, ela não pretende assumir a candidatura, pois ações na pasta poderiam ficar carimbadas como manobra de fundo eleitoral.
Marta e Lula avaliaram que a divisão entre PSDB e DEM em São Paulo tende a favorecer a petista. O governador José Serra (PSDB) preferia que seu partido apoiasse a reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM). Mas o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que lidera as pesquisas, já disse pretender disputar a prefeitura.
Pesquisa Datafolha do mês passado mostrou que Alckmin e Marta são, pela ordem, os nomes mais fortes na disputa. Nas simulações de segundo turno, Marta perderia para Alckmin, mas bateria Kassab.
O presidente aconselhou Marta a negociar a vice com o PMDB, que tem tempo de TV expressivo no horário eleitoral.
A ministra avaliou que pouco perderia saindo do governo. Quando Lula se reelegeu em 2006, ela tinha expectativa de obter uma pasta de maior vulto, como Cidades ou Educação. Lula chegou a cogitá-la, mas acabou a convidando para o Turismo. Na preferência de Lula para 2010, Marta foi preterida pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Para o grupo de Marta, ela poderá se reposicionar para 2010 se tiver êxito na briga pela prefeitura. Se ganhar, volta ao xadrez presidencial. Se perder, segue favorita para ser indicada ao governo paulista. Além de Lula, ela é a única antiga estrela do PT paulista que não sucumbiu a crises de corrupção ou imbróglios políticos.


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