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Antes de encontrar Obama, Lula critica protecionismo
Presidente brasileiro diz que sua principal preocupação é reabrir crédito mundial
Na reunião na manhã de
hoje na Casa Branca, líderes devem discutir também temas como cooperação
no Haiti e biocombustíveis
Alan Marques/Folha Imagem
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O presidente Lula no evento sobre mudanças no estatuto do torcedor, no Palácio do Planalto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Terceiro líder a pisar na Casa
Branca comandada por Barack
Obama, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende, no
encontro de uma hora a partir
das 11h05 de hoje (12h05 de
Brasília), defender "uma nova
arquitetura mundial", condenar o protecionismo nos países
ricos e deixar claro que quem
controla o narcotráfico na
América do Sul são os governos
da América do Sul.
Em entrevista no Planalto,
Lula disse que o protecionismo
é "um desastre para a economia
mundial" no médio prazo: "Não
é possível que o mundo rico,
que passou meio século dizendo que era preciso ter livre comércio, criou a globalização,
derrubou o Muro de Berlim e,
agora, no primeiro calo que começa a doer, ache que tem que
voltar o protecionismo".
Reportagem de ontem da Folha mostrou que Obama deve
contrapor as reclamações de
Lula sobre o protecionismo
com a sugestão de "maior equilíbrio" na Rodada Doha de liberalização do comércio mundial.
Lula voltou a defender a retomada da Rodada Doha e afirmou que, "de uma forma muito
franca", dirá a Obama que sua
principal preocupação é encontrar uma fórmula de retomada
do crédito internacional. "Os
países ricos precisam aprender
a tomar conta dos seus bancos."
O presidente cobrou menos
conversa -"não é hora de tagarelar, é hora de agir"-, acrescentando estar "muito otimista" com a conversa com Obama
e com a reunião do G20, o grupo de países ricos e emergentes, em Londres, dia 2 de abril.
"Acho que os dirigentes estão
comprovando que agora não é
hora técnica, é da política. Ou
assumimos a responsabilidade
por essa crise e damos saída para ela, ou se a gente vai ficar esperando, como o Japão esperou
na década de 90: o país demorou dez anos para sair da crise.
Nós não podemos esperar dez
anos, essa crise tem que terminar este ano", disse Lula, em referência à estagnação da economia japonesa após o estouro de
uma bolha especulativa.
A intenção de Lula é repetir
para Obama a proposta que já
fez ao presidente da França, Nicolas Sarkozy: mais regulamentação do sistema financeiro e
reformulação de organismos
como a ONU (Organização das
Nações Unidas), o Bird (Banco
Mundial) e o FMI (Fundo Monetário Internacional), de forma a aumentar o equilíbrio de
posições entre os países mais
ricos e os emergentes. Maior
potência do planeta, com um
PIB (Produto Interno Bruto)
de US$ 13,8 trilhões, três vezes
maior do que a segunda e a terceira economias, Japão e China, os EUA dão as cartas nos organismos internacionais.
Conforme a Folha apurou,
Lula pretende dizer a Obama
que, entre tantos sinais que o
mundo espera dos EUA sob sua
gestão, está o de reequilibrar
esses centros de poder. O objetivo, dirá, deve ser conferir
maior peso nas decisões aos
países emergentes, com mais
voz e poder de voto, e abrir a
possibilidade de que FMI e
Banco Mundial possam fiscalizar e impor condições também
aos ricos -inclusive os EUA.
Além da crise e de uma tentativa de coordenar posições
para a cúpula do G20, Lula e
Obama devem tratar hoje da
cooperação entre o Brasil e os
EUA em terceiros países, como
o Haiti, e discutir temas bilaterais, como biocombustíveis.
Lula dirá a Obama que vai
lançar a ideia de criação de um
conselho de combate ao narcotráfico na região na próxima
reunião da Unasul (União das
Nações Sul-Americanas) para
dar um recado: o narcotráfico é
"um problema nosso", e os
EUA não devem se intrometer.
A exceção será a Colômbia,
com quem os EUA têm um programa bilionário de combate à
guerrilha e ao tráfico.
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