São Paulo, sábado, 14 de março de 1998

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SUCESSÃO
Lula também sobe; vitória no 1º turno não está garantida
Sem o PMDB, FHC ganha seis pontos

CLÓVIS ROSSI
do Conselho Editorial


O jogo pesado que o governo Fernando Henrique Cardoso empregou para ganhar a convenção do PMDB produziu resultados concretos: exatamente seis pontos percentuais a mais, nas intenções de voto em favor do presidente, na comparação com uma disputa em que o PMDB estivesse presente.
É o que mostra pesquisa feita com 2.980 eleitores de todo o país pelo Datafolha, nos dias 10 e 11 passados. No domingo anterior, dia 8, o PMDB decidiu não apresentar candidato próprio à Presidência. A decisão não tem valor jurídico, apenas político.
Quando os pesquisadores mostram aos eleitores um cartão que inclui o nome de Itamar Franco como candidato do PMDB, FHC fica com 35%. Mas, quando se retira o nome de Itamar (ou de qualquer outro peemedebista), o presidente sobe para 41%.
O virtual candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, também se beneficia, embora menos, da ausência de um peemedebista. Sobe para 25%, contra 22%, se Itamar estivesse concorrendo.
Cresce igualmente a intenção de voto em Ciro Gomes (PPS) e em Enéas (Prona).
Tudo somado, a nova pesquisa mostra que FHC não se elegeria no primeiro turno, embora esteja, agora, bem mais próximo disso.
Na pesquisa de dezembro, o presidente tinha 35% contra 49% de todos os demais candidatos somados, em levantamento que incluiu o nome de Paulo Maluf (PPB). Agora, com Itamar, os números são rigorosamente os mesmos.
Mas, quando se exclui o PMDB, há um empate estatístico entre o percentual do presidente (41%) e a soma dos demais (42%). Só se elege no primeiro turno quem tiver pelo menos um voto a mais do que a soma dos concorrentes.
De todo modo, se houver segundo turno, mostra a pesquisa, FHC se elegerá comodamente, qualquer que seja o adversário. Ganha de Lula por 17 pontos percentuais, de Ciro por 56% a 26% e, de Itamar, por 20 pontos.
A pesquisa deixa claro, portanto, que, se o PMDB mudar de posição em junho (data de sua convenção com força legal), muito provavelmente jogará a definição para o segundo turno.
Mantida a decisão de não concorrer com nome próprio, a diferença entre os candidatos restantes se altera pouco, mas o suficiente para aproximar o presidente de uma vitória já no turno inicial.
De fato, sem um candidato peemedebista, todos os demais quatro concorrentes potenciais recebem acréscimos parecidos nas suas intenções de votos.
FHC ganha seis pontos; Lula e Ciro, três cada um; e Enéas, dois.
Pela pesquisa, é indiferente se o PMDB preferir Itamar Franco ou José Sarney. Os dois ex-presidentes têm idêntico percentual de intenções de voto, considerada a margem de erro (15% para Itamar e 14% para Sarney).
A soma das intenções de votos nos candidatos, em branco/nulo/nenhum e não sabe dá 102% por uma questão ajuste técnico.
A pesquisa Datafolha mostra que a avaliação do governo não mudou nada desde dezembro.
O governo FHC era "ótimo/bom" para 37% dos pesquisados em dezembro. Agora, são 38% os que assim o qualificam.
Os pesquisados que preferem o rótulo de "regular" diminuíram de 40% para 39%, desde dezembro.
Da mesma forma, subiu apenas um ponto a qualificação "ruim/péssimo", que passou de 20% em dezembro para 21%.



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