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Nomeação de general
provoca protesto
EMANUEL NERI
da Reportagem Local
Em protesto contra a nomeação
do general Ricardo Fayad para o
cargo de subdiretor de Saúde do
Exército, o reverendo Jaime
Wright enviou carta ao governo
federal pedindo sua exclusão do
Comitê de Julgamento do Prêmio
Nacional dos Direitos Humanos.
Ativista de direitos humanos e
irmão do deputado Paulo Wright,
morto durante o regime militar
(1964-1985), o reverendo foi indicado por FHC há dois anos para
integrar o comitê do prêmio.
Médico, Fayad é acusado de ter
atuado como assistente de sessões
de torturas durante o regime militar. Foi cassado pelo Conselho Regional de Medicina do Rio e pelo
Conselho Federal de Medicina. A
Justiça suspendeu a decisão.
"Após inútil espera por uma palavra de repúdio do presidente à
nomeação desastrada de quem
comprovadamente colaborou
com a tortura de presos políticos,
sinto-me ofendido pelo "nhenhenhém' do presidente", afirmou
Wright na carta ao governo.
Wright critica a decisão de FHC
de aguardar decisão final da Justiça para definir o futuro de Fayad.
"Decisão que não tem nada a ver
com os hediondos crimes que esse
médico praticou nos porões da ditadura", afirmou Wright, ex-secretário-geral da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil.
Junto com o cardeal Paulo Evaristo Arns, Wright escreveu "Brasil: Nunca Mais", relato de casos
de torturas no regime militar. Na
carta, ele afirma que sua indignação é "compartilhada" por d. Paulo, com quem conversou ontem.
Criado no governo FHC, o comitê premia anualmente pessoas que
se destacam na área de direitos humanos. Integram o comitê, entre
outros nomes, o cantor Milton
Nascimento, o rabino Henry Sobel e o bispo Raymundo Damasceno.
O Centro de Comunicação Social do Exército informou não haver nada provado na Justiça contra Fayad. Segundo o órgão, a lei
não impede sua nomeação.
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