São Paulo, sábado, 14 de março de 1998

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Nomeação de general provoca protesto

EMANUEL NERI
da Reportagem Local

Em protesto contra a nomeação do general Ricardo Fayad para o cargo de subdiretor de Saúde do Exército, o reverendo Jaime Wright enviou carta ao governo federal pedindo sua exclusão do Comitê de Julgamento do Prêmio Nacional dos Direitos Humanos.
Ativista de direitos humanos e irmão do deputado Paulo Wright, morto durante o regime militar (1964-1985), o reverendo foi indicado por FHC há dois anos para integrar o comitê do prêmio.
Médico, Fayad é acusado de ter atuado como assistente de sessões de torturas durante o regime militar. Foi cassado pelo Conselho Regional de Medicina do Rio e pelo Conselho Federal de Medicina. A Justiça suspendeu a decisão.
"Após inútil espera por uma palavra de repúdio do presidente à nomeação desastrada de quem comprovadamente colaborou com a tortura de presos políticos, sinto-me ofendido pelo "nhenhenhém' do presidente", afirmou Wright na carta ao governo.
Wright critica a decisão de FHC de aguardar decisão final da Justiça para definir o futuro de Fayad. "Decisão que não tem nada a ver com os hediondos crimes que esse médico praticou nos porões da ditadura", afirmou Wright, ex-secretário-geral da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil.
Junto com o cardeal Paulo Evaristo Arns, Wright escreveu "Brasil: Nunca Mais", relato de casos de torturas no regime militar. Na carta, ele afirma que sua indignação é "compartilhada" por d. Paulo, com quem conversou ontem.
Criado no governo FHC, o comitê premia anualmente pessoas que se destacam na área de direitos humanos. Integram o comitê, entre outros nomes, o cantor Milton Nascimento, o rabino Henry Sobel e o bispo Raymundo Damasceno.
O Centro de Comunicação Social do Exército informou não haver nada provado na Justiça contra Fayad. Segundo o órgão, a lei não impede sua nomeação.



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