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GRANDE FAMÍLIA
Seis já fizeram contratação do tipo; entre eles, José Dirceu e Antonio Pallocci, que antes consultaram Comissão de Ética Pública
Nomeação de parentes se estende a ministros
RANIER BRAGON
JULIA DUAILIBI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A nomeação de parentes de políticos para cargos públicos não é
uma prática exclusiva do Legislativo. Mulheres, marido, primo e
irmão de seis ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva
-de um total de 34- foram nomeados para funções de confiança tanto no Executivo como no
Legislativo a partir de janeiro de
2003, data em que o presidente
formou o ministério.
Os cargos de confiança são funções públicas preenchidas por
meio de indicação política e, normalmente, pagam salários mais
altos do que aqueles preenchidos
por meio de concurso.
Entre aqueles que foram nomeados após o ingresso do parente no ministério Lula estão a mulher de José Dirceu (Casa Civil) e a
mulher e o irmão de Antonio Palocci Filho (Fazenda).
Eles são concursados para
ocupar cargos públicos, mas
foram alçados para postos maiores em datas posteriores à definição do ministério.
Consulta
No caso das mulheres de Dirceu
e Palocci, os dois ministros
consultaram antes da nomeação a
Comissão de Ética Pública, que
informou não haver impedimento legal para que elas fossem
contratadas.
Outros parentes de ministros
nomeados para cargos no governo ou no Legislativo são o primo
de Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), o marido de Marina
Silva (Meio Ambiente) e as
mulheres de Nilmário Miranda
(Direitos Humanos) e de José
Fritsch (Pesca).
Mais quatro ministros -Walfrido Mares Guia (Turismo),
Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia), Aldo Rebelo (Coordenação Política) e Paulo Bernardo
(Planejamento)- têm parentes
em cargos de confiança, mas as
nomeações ocorreram quando
eles ainda eram deputados.
O caso dos dez ministros reúne
11 parentes ou cônjuges que recebem salários que vão de R$ 1.697 a
R$ 8.200. Sete declararam ter feito
concurso público para um determinado cargo, apesar de ocuparem atualmente uma função superior, em órgão distinto.
Competência
Em todos os casos, tanto os familiares dos ministros como os
órgãos em que eles atuam negam
que tenha havido ingerência nas
nomeações e as justificaram argumentando competência dos indicados.
A mais recente nomeação ocorreu com a mulher do petista Nilmário Miranda (Direitos Humanos), Stael Luiza Rocha de Santana, professora universitária aposentada que começou no mês passado a trabalhar no gabinete da
correligionária do marido, deputada federal Ana Guerra (PT-MG). O salário é o maior pago nos
gabinetes parlamentares da Câmara: R$ 5.175.
Já no Senado há o caso do marido de Marina Silva (Meio Ambiente), Fábio Vaz de Lima, que é
assessor do gabinete do suplente
de Marina, Sibá Machado (PT-AC). "Quem não conhece a história, quem olha assim, pode fazer a
ligação que quiser. Agora, lá no
Acre, quem me conhece, o tempo
de militância que eu tenho, o serviço prestado que eu tenho, lá não
tem nenhum problema. Trabalhei
no governo em vários locais e
nunca ninguém questionou isso",
afirmou ele.
Restrição
Com exceção do Judiciário
Federal e de algumas leis estaduais e municipais, não há restrição à prática do nepotismo, que é
o favorecimento a familiares na
esfera pública. Apesar disso, órgãos como a Comissão de Ética
Pública, que assessora a Presidência da República, e a OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) condenam a prática.
Em decisão de 1997, o STF (Supremo Tribunal Federal) manifestou-se também contrário à
prática ao julgar uma lei antinepotismo do Rio Grande do Sul.
"Tênues têm sido as iniciativas
objetivando coibir abusos. (...)
Por vezes, são parentes de autoridades do primeiro escalão que
efetuam concurso público para
ocupação de cargos de menor importância (...) para, a seguir, à
mercê de apadrinhamento, revelador de nepotismo, chegarem a
cargos de maior ascendência",
afirmou o relator do processo,
ministro Marco Aurélio de Mello,
que teve o seu voto aprovado.
Após reportagens da Folha
mostrarem que parentes do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), e de uma série de
outros deputados foram contratados para cargos de confiança na
Câmara, projetos antinepotismo
saíram da gaveta e podem ser votados a partir da próxima semana.
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