UOL

São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governadores criticam negociação de cargos

DA AGÊNCIA FOLHA

Dois governadores do PMDB, Germano Rigotto (RS) e Luiz Henrique da Silveira (SC), criticaram ontem a entrada do partido na base do governo no Congresso em troca de cargos na administração de Luiz Inácio Lula da Silva.
"As negociações que estão sendo encaminhadas pelas lideranças do partido, pedindo cargos em troca do apoio, são deploráveis", disse Luiz Henrique. "A participação em cargos traria a velha história do clientelismo, o que seria ruim para o partido e para o governo", afirmou Rigotto.
Segundo o governador de Santa Catarina, os governadores do PMDB teriam sugerido às bancadas do partido na Câmara e no Senado total apoio às reformas e ao governo federal, "sem qualquer reivindicação de cargos".
No PMDB gaúcho, o senador Pedro Simon defende o apoio ao governo Lula, enquanto o deputado federal Eliseu Padilha, ex-ministro dos Transportes no governo FHC, prega a oposição frontal.
"O PMDB gaúcho tem mais razão do que o PMDB nacional para não aderir. Sempre fomos adversários no Estado. Aderirmos ao governo é como nos abstermos das eleições de 2004 e 2006", diz Padilha, defendendo a permanência do partido na oposição.
Um dos governadores que mais apoio têm dado a Lula na tramitação das reformas previdenciária e tributária, Rigotto ressalvou que o PMDB tem de dar sustentação e garantir a governabilidade no plano federal. "O PMDB deve apoiar a política econômica e as reformas estruturais sem ter cargos do governo", afirmou Rigotto.
Luiz Henrique concorda com o governador gaúcho: "Temos que arrancar as muletas que impedem o Brasil de avançar para o desenvolvimento. Esse apoio do PMDB deve ser um apoio patriótico".
Não faltam motivos para Rigotto apoiar Lula e, ao mesmo tempo, evitar uma aproximação excessiva com o PT. A favor do apoio contam o discurso "paz e amor" que, a exemplo de Lula, ele implementou desde sua campanha para o governo, em 2002, a necessidade de uma boa relação com o governo federal e o fato de ele próprio ter sido um dos principais entendidos e defensores das reformas no Congresso. Contra a aproximação, pesa a forte rivalidade entre PMDB e PT no Estado.
O deputado federal Cezar Schirmer, presidente estadual do PMDB, dá o que poderia ser a posição oficial do diretório gaúcho. "O PT tenta fazer uma cooptação de pessoas e setores do PMDB. O fórum partidário não foi consultado. Essa aproximação nos surpreende", afirma. (LÉO GERCHMANN e TIAGO ORNAGHI)


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: O governista: Renan nega venda de apoio ao governo
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.