|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Acusado de mandar matar
irmã Dorothy é julgado no PA
Advogado de Bida diz que julgamento está prejudicado
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, apontado
como um dos mandantes do assassinato da missionária Dorothy Stang, começa a ser julgado hoje sob acusação de homicídio duplamente qualificado
por motivo torpe, promessa de
pagamento e emboscada (pena
de 12 a 30 anos), no Tribunal do
Júri de Belém (PA). A sentença
deve sair amanhã.
Cerca de mil pessoas ligadas
a movimentos em defesa da reforma agrária, direitos humanos e ambiente devem participar de manifestações contra a
impunidade no Estado do Pará.
Norte-americana naturalizada brasileira, Dorothy Stang,
73, coordenadora da CPT (Comissão Pastoral da Terra) em
Anapu (oeste do Pará), foi assassinada com três tiros em 12
de fevereiro de 2005. O crime
ocorreu em uma estrada próxima da área em litígio entre os
assentados do PDS (Projeto de
Desenvolvimento Sustentável)
Esperança e o fazendeiro Bida.
De Anapu, estavam previstos
para chegar na madrugada de
hoje a Belém dois ônibus escoltados pela Polícia Federal trazendo assentados e amigos da
missionária. A escolta foi solicitada pelo procurador da República Felício Pontes, pois, entre
os 90 passageiros, há trabalhadores rurais e missionários
ameaçados de morte.
Dos Estados Unidos, chegaram ao Pará os irmãos gêmeos
de Dorothy, David e Tom
Stang. "Eles estarão presentes
no julgamento", disse a irmã
Jane Dwyer, da Congregação
de Notre Dame de Namur, da
Igreja Católica, ordem à qual a
missionária pertencia.
Além de Bida, preso em Belém, é acusado também de ser
mandante do crime o fazendeiro Regivaldo Galvão, o Taradão,
que obteve habeas corpus no
Supremo Tribunal Federal, em
2006, e aguarda julgamento em
liberdade. No mesmo ano, o
Tribunal do Júri condenou a 18
anos de prisão Amair Feijoli da
Cunha, o Tato, acusado de intermediar o crime.
Em 2005, foram condenados
o pistoleiro Rayfran das Neves
Sales, o Fogoió (27 anos de prisão), e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo (17 anos), apontado como cúmplice de Fogoió.
O advogado de Bida, Américo
Leal, disse que o julgamento de
hoje está prejudicado, pois o
Tribunal de Justiça do Pará não
obedeceu o Código do Processo
Penal ao desaforar [deslocar] o
júri da comarca de Pacajá -jurisdição onde ocorreu o crime- para Belém. "Eles atropelaram o Código do Processo Penal para prejudicar o réu. Se
fosse em Pacajá, ele [Bida] estaria 90% absolvido", afirmou.
Texto Anterior: Procurador-geral deve ser mantido no cargo por Lula Próximo Texto: Entrevista: Acusado afirma que católicos já o condenaram Índice
|