São Paulo, segunda-feira, 14 de maio de 2007

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Acusado de mandar matar irmã Dorothy é julgado no PA

Advogado de Bida diz que julgamento está prejudicado

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, apontado como um dos mandantes do assassinato da missionária Dorothy Stang, começa a ser julgado hoje sob acusação de homicídio duplamente qualificado por motivo torpe, promessa de pagamento e emboscada (pena de 12 a 30 anos), no Tribunal do Júri de Belém (PA). A sentença deve sair amanhã.
Cerca de mil pessoas ligadas a movimentos em defesa da reforma agrária, direitos humanos e ambiente devem participar de manifestações contra a impunidade no Estado do Pará.
Norte-americana naturalizada brasileira, Dorothy Stang, 73, coordenadora da CPT (Comissão Pastoral da Terra) em Anapu (oeste do Pará), foi assassinada com três tiros em 12 de fevereiro de 2005. O crime ocorreu em uma estrada próxima da área em litígio entre os assentados do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança e o fazendeiro Bida.
De Anapu, estavam previstos para chegar na madrugada de hoje a Belém dois ônibus escoltados pela Polícia Federal trazendo assentados e amigos da missionária. A escolta foi solicitada pelo procurador da República Felício Pontes, pois, entre os 90 passageiros, há trabalhadores rurais e missionários ameaçados de morte.
Dos Estados Unidos, chegaram ao Pará os irmãos gêmeos de Dorothy, David e Tom Stang. "Eles estarão presentes no julgamento", disse a irmã Jane Dwyer, da Congregação de Notre Dame de Namur, da Igreja Católica, ordem à qual a missionária pertencia.
Além de Bida, preso em Belém, é acusado também de ser mandante do crime o fazendeiro Regivaldo Galvão, o Taradão, que obteve habeas corpus no Supremo Tribunal Federal, em 2006, e aguarda julgamento em liberdade. No mesmo ano, o Tribunal do Júri condenou a 18 anos de prisão Amair Feijoli da Cunha, o Tato, acusado de intermediar o crime.
Em 2005, foram condenados o pistoleiro Rayfran das Neves Sales, o Fogoió (27 anos de prisão), e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo (17 anos), apontado como cúmplice de Fogoió.
O advogado de Bida, Américo Leal, disse que o julgamento de hoje está prejudicado, pois o Tribunal de Justiça do Pará não obedeceu o Código do Processo Penal ao desaforar [deslocar] o júri da comarca de Pacajá -jurisdição onde ocorreu o crime- para Belém. "Eles atropelaram o Código do Processo Penal para prejudicar o réu. Se fosse em Pacajá, ele [Bida] estaria 90% absolvido", afirmou.


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