Ministro afirma que "a questão não é apresentar PEC, é conseguir aprová-la"

Líder do governo negou ter indicado irmão para cargo de "terceiro escalão", mas lamenta demissão: "Minha mãe me liga todo dia"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em mais um capítulo da troca de farpas com parlamentares do PMDB, o ministro Nelson Jobim (Defesa) ironizou ontem a iniciativa anunciada na véspera pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), de apresentar projeto para obrigar que o titular da pasta da Defesa seja um militar. Jobim é civil.
"O senador tem todo o direito de apresentar as PECs [Propostas de Emenda à Constituição] que bem entender. A questão não é apresentar PEC, é conseguir aprová-la", disse.
O ministro classificou as críticas às demissões na Infraero (estatal que controla os aeroportos) de "irrelevantes" e disse que continuará seu trabalho na pasta: "O dr. Ulysses [Guimarães] tinha uma frase ótima: "cada dia com a sua agonia'".
Jucá apresentou a PEC um dia depois de Jobim ter afirmado que não recuaria na política de demissão de cargos políticos na Infraero. O irmão de Jucá foi um dos demitidos. Na terça-feira, o senador condenou a forma como isso ocorreu: "Acho que dizer que está limpando, que está faxinando, sem dizer quem está sujando ou que tipo de irregularidade ocorreu, é algo que gera muita leviandade e é injusto com quem trabalhava".
Jucá negou que tenha indicado o irmão para o cargo de "terceiro escalão" ou que tenha pedido o cargo de volta. O senador, ao anunciar a PEC, negou que seu objetivo fosse retaliar o ministro. Disse apenas que agiu da mesma forma que o ministro: "Vamos despolitizar o Ministério da Defesa também".
"Não pedi ao ministro Nelson Jobim, nem ao presidente da Infraero nem a qualquer ministro da Defesa a contratação de meu irmão na Infraero. Ele ocupou esse cargo a convite, em Recife, de pessoas que trabalhavam na Infraero." Segundo Jucá, seu irmão está agora desempregado, com uma filha de quatro meses para sustentar: "Minha mãe me liga todo dia".


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