São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 2006

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Apanhando da bola

Contra o resto do mundo, o locutor Galvão Bueno ainda chama Ronaldo de Ronaldinho e, mais ainda, de "fenômeno" -como fez ontem, no monopólio de transmissão da Globo. Ao longo de toda a narração, não levantou uma restrição ao jogador.
Por outro lado, na metade do primeiro tempo:
- Kaká não começou bem.
Depois do gol, início do segundo tempo, ele seguiu reclamando que "Kaká perdeu a bola" etc. No final, enquanto os canais esportivos, rádios e sites elegiam Kaká o melhor da partida, Galvão Bueno lançava Dida para "grande nome do jogo".

Reprodução
Na home do "NYT" e por toda parte, a comemoração de Kaká

Para contraponto, na ESPN Brasil o comentarista José Trajano citava o comentarista Altafini, da Sky italiana, "o nosso Mazzola", para quem "Ronaldo está embaraçado". Ao que o brasileiro acrescia, de sua parte:
- Mas o Kaká está resolvendo.
Até a SporTV, da Globo, não se cansava de proclamar que Ronaldo "não entrou em campo". Aliás, para os dois canais esportivos, nem Ronaldo nem Adriano.
No desabafo do blog de Juca Kfouri no UOL, com o jogo correndo:
- Com dois tanques lá na frente não dá. Não fosse o tirambaço de Kaká, de esquerda, e este segundo tempo seria torturante.
Depois, "Ronaldo está apanhando da bola".
 
Na manchete do UOL, "Brasil derrota Croácia com gol de Kaká".
Globo.com e Globo Online, ligados ao monopólio de Galvão Bueno, foram além, com as manchetes "Kaká salva o Brasil" e "Ufa! Kaká decide para a seleção".
 
No exterior, a mesma coisa. Minuto a minuto, o site do "Guardian" comemorou, "What a goal from Kaká!", que gol de Kaká.
Sobre Ronaldo, no início do segundo tempo:
- Será que Ronaldo vai perder um quilo ou outro?
Na home do "Washington Post", "Kaká levanta o Brasil". Nas páginas iniciais do espanhol "El País" ao argentino "La Nación", fotos de Kaká e a expressão "golazo".
Nos sites dos jornais esportivos, o espanhol "Marca" e o argentino "Olé" foram na mesma linha, destacando que "uma genialidade de Kaká" deu a vitória.
 
De todo modo, para o "WP" "os campeões mundiais não mostraram a auto-confiança habitual". Para o francês "Le Monde" e o espanhol "As", foi "sem brilho".
Para o "La Nación", ficou "longe de mostrar fantasia". Para o "Marca", faltou o tão propagandeado, pela Nike, "jogo bonito".

INOCENTE
A "notícia bombástica", na descrição de William Bonner no dia anterior, não era nada ou quase. Do mesmo Bonner à manchete de futebol da Folha Online, até pouco antes de começar o jogo:
- Juiz italiano inocenta Cafu de falsificação.
No dia anterior, poucos diferenciavam entre o promotor e a Justiça. Ontem, no "JN", enfim, "o juiz não aceitou a recomendação do ministério público".
Mas cabe recurso.

IMPACTO MUNDIAL
Ontem, blogs brasileiros reclamavam de Ronaldinho, que escreveu artigo para o argentino "Clarín".
O brasileiro elogiou as "grandes selecciones", como a argentina, sob o título "Quando Messi jogar, será um impacto mundial".

EM SETE MESES
No que restou de política, a manchete da Folha Online ao SBT foi "Ibope mostra ascensão de Lula e estabilidade de Alckmin".
Na síntese do blog de Josias de Souza, "em sete meses, Lula ganhou 16 pontos, Alckmin parou".
Para registro, só o "JN" não deu na escalada de manchetes -e mal noticiou.

CHEGOU A VEZ
Paralelamente, a blogosfera brasiliense se alvoroça com a anunciada intimação de 80 nomes do "chamado valerioduto tucano".
"Chegou a vez do PSDB", diz Ricardo Noblat. E Josias de Souza sublinha que, "no instante" em que se anunciam as intimações, "Alckmin convida o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr. para seu comitê financeiro".

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