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Conselho de Ética pede cassação de Janene
Parecer contra o ex-líder do PP na Câmara é aprovado por 12 votos e uma abstenção; deputado vai recorrer da decisão
Acusado de ter recebido
R$ 4,1 mi do valerioduto,
deputado diz que esperava
decisão porque conselho
sempre sugere a cassação
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Por 12 votos a favor e uma
abstenção, o Conselho de Ética
da Câmara aprovou ontem parecer pela cassação do deputado José Janene (PR), ex-líder
da bancada do PP, concluindo
assim o julgamento dos acusados de envolvimento com o
mensalão -um ano e sete dias
após a revelação do esquema.
Janene só terá o mandato
cassado se pelo menos 257 dos
513 deputados aprovarem o parecer, em votação secreta.
O ex-líder do PP é apontado
como beneficiário de R$ 4,1 milhões do valerioduto. Janene
admitiu apenas ter intermediado o repasse de R$ 700 mil para
pagar os honorários do advogado que defende o ex-deputado
Ronivon Santiago (PP-AC).
"O recebimento dos R$ 700
mil é suficiente para a cassação,
como ocorreu no caso de Pedro
Corrêa, mas o recebimento de
outros valores também estão
comprovados", disse o relator,
Jairo Carneiro (PFL-BA).
Na reunião do conselho, todos se manifestaram a favor da
cassação de Janene, com exceção dos dois integrantes do PP,
os deputados Ildeu Araujo (SP)
e Márcio Reinaldo Moreira
(MG). Na hora da votação, entretanto, Moreira não apareceu
e Araujo se absteve.
Janene não compareceu à
sessão. Um de seus advogados,
José Rollemberg, disse que vai
recorrer da decisão à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara e ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Em Londrina, Janene disse
que já esperava pela decisão:
"Foi normal, porque o conselho
sempre recomenda a cassação,
mas não foi dado o direito de as
testemunhas de defesa se expressarem". O deputado disse
que sua defesa no Conselho de
Ética foi prejudicada por sua
cardiopatia, que o impossibilitou de comparecer ao conselho,
e pelo fato de não terem sido
ouvidas duas testemunhas de
defesa, o deputado Aldo Rebelo
(PC do B) e o ex-ministro José
Dirceu: "Eles poderiam testemunhar a meu favor".
Janene impetrou mandado
de segurança, que será julgado
neste mês pelo STF, contra decisão da Câmara que lhe negou
aposentadoria por invalidez.
Caso consiga a aposentadoria,
seu processo de cassação será
automaticamente suspenso.
Desde o início da crise, 19 deputados federais foram acusados de envolvimento no esquema. Quatro renunciaram antes
do início do processo. Contrariando diversos relatórios do
conselho, a Câmara absolveu 11
deputados e cassou três: José
Dirceu (PT), Roberto Jefferson
(PTB) e Pedro Corrêa (PP).
Colaborou JOSÉ MASCHIO , da Agência Folha,
em Londrina
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