|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Universal tenta intimidar, diz Folha
Defesa do jornal contesta pedido de indenização por publicação de artigo sobre império econômico da igreja
Fiéis da igreja já moveram 97 ações contra a Folha em todo o país; das 37 decisões que a Justiça proferiu, todas foram favoráveis ao jornal
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A ação de indenização movida pela Igreja Universal do Reino de Deus contra a Empresa
Folha da Manhã S/A e o jornalista Fernando de Barros e Silva, editor de Brasil e colunista
da Folha, é mais um capítulo
da estratégia de intimidação
traçada desde a publicação, em
dezembro, da reportagem
"Universal chega aos 30 anos
com império empresarial", da
repórter Elvira Lobato.
Essa é a argumentação central da defesa oferecida ao juiz
da 16ª Vara Cível de São Paulo
na ação em que a Universal alegou ofensa à honra pelo artigo
intitulado "Fé do bilhão", publicado na edição de 17 de dezembro de 2007: "Uma ação
orquestrada pela autora [Igreja
Universal] para intimidar e
prejudicar a ré Folha e os jornalistas a seu serviço".
As advogadas Taís Borja Gasparian e Mônica Filgueiras S.
Galvão sustentam que o artigo
"consubstancia lícito e legítimo
exercício da liberdade de expressão do pensamento e opinião, não havendo nele qualquer abuso ou ilegalidade".
Segundo o pedido de indenização, o artigo de Fernando de
Barros e Silva "constitui-se
meio para transmitir falsa impressão da realidade", e "a
ofensa é lançada de maneira
dissimulada, tudo para desnaturar os propósitos institucionais da autora -esperados de
qualquer entidade religiosa,
qual seja, prestar assistência
espiritual sem fins lucrativos".
Para as advogadas, o colunista "se limitou a, no exercício
das liberdades de expressão da
opinião e crítica, analisar fatos
que já haviam sido noticiados,
emitindo sua opinião".
A defesa registra que, desde a
publicação da reportagem de
Elvira Lobato, a Folha e a repórter "foram surpreendidas
com verdadeira campanha persecutória" por parte da igreja e
de seus fiéis, "mediante o uso
abusivo do Poder Judiciário".
Foram distribuídas ações
nos Juizados Especiais Cíveis
dos mais diversos rincões do
país -de Xapuri, no Acre, a Jaguarão, no Rio Grande do Sul-
por fiéis da Igreja Universal,
que afirmam, com base na
mesma ladainha, terem se sentido ofendidos. De um total de
97 ações movidas até agora por
seguidores da igreja, a Justiça
proferiu 37 decisões, todas favoráveis ao jornal e à repórter.
No artigo contestado, o colunista afirma que a Igreja Universal "trata de cuidar do milagre da multiplicação -não dos
peixes, mas da fortuna alavancada pelos dízimos de seu rebanho". E menciona as "23 emissoras de TV, 40 rádios próprias
e outras 36 arrendadas, dois
jornais de grande circulação,
duas gráficas, empresas de participações, uma agência de turismo, uma imobiliária, uma
seguradora de saúde e -surpresa- até mesmo uma empresa de táxi aéreo".
A defesa cita biografia autorizada de Edir Macedo, que
tem dois capítulos intitulados
"Império da Comunicação" e
"Império Religioso". Segundo a
defesa, não foram os jornalistas
que atribuíram à Igreja Universal a propriedade de inúmeras
empresas. "Outras publicações,
autorizadas pelo bispo Edir
Macedo, o fazem de maneira
bem mais explícita."
Sobre a referência aos dízimos e repasses a empresas em
paraísos fiscais, a defesa diz
que, "recentemente, a Justiça
de São Paulo decretou a quebra
dos sigilos bancários e fiscais
de empresas e pessoas ligadas à
Igreja Universal, justamente
sob a suspeita de remessa ilegal
de divisas decorrente de dízimos para paraísos fiscais".
Texto Anterior: TSE: Justiça cancela 1,8 milhão de títulos eleitorais Próximo Texto: Frase Índice
|