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REFORMA NO AR
Três dos cinco governadores que vão se reunir com o Planalto amanhã também querem a proposta inicial
Lula defende projeto original da Previdência
MARIA LUIZA ABBOTT
DE LONDRES
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse ontem, em entrevista à
BBC Brasil, que "a melhor coisa
para o Brasil é o projeto original"
de reforma da Previdência "que o
governo apresentou". Ele observou ainda que o Congresso tem
direito de fazer mudanças, mas, se
houver alteração nos objetivos, a
reforma perde o sentido.
"Não é nenhum pecado original
o Congresso Nacional fazer mudanças na proposta do governo",
disse. "Mas, se a mudança na proposta do governo mudar os objetivos da reforma, realmente não
tem sentido. É por isso que queremos preservar o princípio fundamental da proposta original do
governo", acrescentou Lula.
Ele voltou a insistir que qualquer modificação precisa do consentimento do governo federal,
dos governadores e do Conselho
de Desenvolvimento Social.
"A proposta não é do presidente, é, na verdade, do governo federal e dos 27 governadores", argumentou. "Queremos manter a
credibilidade e a confiabilidade
que conquistamos junto aos governadores, e eles terão de dizer se
concordam com a mudança."
Ontem, três dos cinco governadores que vão participar amanhã
da reunião para tratar do futuro
das reformas do governo também
engrossaram o coro de Lula e disseram que vão defender a proposta original para a Previdência ou,
no máximo, alterações que não
representem perdas na economia
prevista no projeto inicial.
O debate será permeado ainda
pela exigência de maiores concessões na questão tributária. Os três
-que falarão por 15 dos 26 Estados- vão se reunir em Brasília
com os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Previdência).
O encontro representa uma tentativa de definir de novo a cara da
proposta previdenciária, que sofreu na semana passada um vai-e-vem de versões devido à pressão
liderada pelo Judiciário.
Com uma ou outra peculiaridade, os governadores pretendem
dar o aval só para a integralidade
(aposentadoria com benefício
igual ao salário da ativa) dos
atuais servidores. Em contrapartida, eles vão exigir mais benefícios
tributários aos Estados.
Faz-de-conta
"Vamos deixar claro uma coisa:
só vamos continuar nisso se for
para valer. Se for faz-de-conta, só
para fazer média, vou deixar meus
deputados também fazerem média", disse Marconi Perillo
(PSDB-GO), que representará os
três Estados do Centro-Oeste.
Segundo o governador, a discussão sobre a Previdência terá de
passar por concessões na tributária, como repartir com os Estados
tributos federais.
Já o governador do Rio Grande
do Sul, Germano Rigotto
(PMDB), que representará os três
Estados da região Sul, disse ser natural haver modificações nas propostas durante a tramitação no
Congresso, mas ressaltou que elas
não podem resultar em diminuição da economia estatal prevista,
no caso da Previdência.
A representante do Nordeste,
Wilma Faria (PSB-RN), disse que
a posição unânime entre os governadores com quem tem conversado é a de que o Planalto não deve
ceder ao Judiciário, sob pena de
descaracterizar a proposta.
Em Londres, onde acompanha
Lula, o governador da Paraíba,
Ronaldo Cunha Lima (PSDB),
disse que a Previdência foi tema
de muitas conversas com Lula.
Segundo o governador, se o governo mudar a proposta agora, teria de alterar novamente na votação dos destaques no Congresso.
Cunha Lima disse que o presidente teria telefonado para reclamar
do ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, por não ter conversado com os cinco governadores indicados para tratar do tema.
A BBC fez a Lula apenas algumas das perguntas de mais de
5.000 internautas que mandaram
e-mails para o seu site.
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