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BNDES admite repasse, mas nega viés político
Diretor do banco reconhece que PT tem recebido mais recursos da instituição, mas diz que não há interferência nas aprovações
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O diretor da área de Inclusão
Social do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Marcio Henrique
Monteiro de Castro, admitiu ontem que o PT vem obtendo mais
recursos do banco, mas afirmou
que não há interferência política
nas aprovações. Segundo Castro,
desde o governo passado isso já
vinha acontecendo.
"O PT ganhou de 1996 a 2000
prefeituras muito bem aparelhadas", disse, para justificar a liderança petista na obtenção de recursos do banco estatal. Segundo
ele, são municípios geralmente
mais bem organizados e que possuem melhor aparelhamento para elaborar um bom projeto e
pleitear recursos do BNDES.
Castro mostrou um organograma para explicar que a tramitação
dos projetos no banco passa por
um número elevado de pessoas e
que seria impossível impor um
viés político às liberações. Segundo ele, os projetos nem mesmo
identificam os partidos que estão
no poder nas prefeituras.
Em sua edição de domingo, a
Folha publicou, com base em dados fornecidos pelo BNDES, que,
de 56 financiamentos para obras
(excluídos empréstimos para
aperfeiçoamento da gestão tributária do município) aprovados
pela direção do banco, 23 foram
para prefeituras petistas, equivalentes, em valores, a 67,9% dos R$
502,177 milhões aprovados.
Ontem, Castro não apresentou
números comparáveis aos que foram fornecidos ao jornal na semana passada. Ele, inicialmente,
leu, sem mostrar os nomes dos
municípios, números que somavam projetos enquadrados (considerados aptos a serem financiados pelo banco), aprovados (submetidos à diretoria do banco) e
contratados (cujos contratos já
foram assinados).
Diante da insistência dos jornalistas, o diretor forneceu uma lista
de 64 projetos contratados em
2003 e 2004, dos quais apenas 29
eram para obras sociais e de infra-estrutura. Esses 29 totalizam R$
835,057 milhões, dos quais R$
651,004 milhões foram para 14
prefeituras petistas, o que equivale a 78% do total.
Para demonstrar que o PT já detinha a primazia dos contratos no
governo FHC, ele disse que, de 82
projetos contratados de 1999 a
2002, o PT teve 34, no valor de R$
776 milhões; o PMDB, 26, no total
de R$ 277 milhões; e o PSDB, então partido do governo, apenas
22, equivalentes a R$ 117 milhões.
Castro não deu os nomes dos
municípios beneficiados e disse
que os números incluíam também recursos do programa de
modernização tributária, criado
no governo FHC e que foi um dos
carros-chefes do relacionamento
do banco com as prefeituras durante o governo passado. Só em
2002 o banco aprovou R$ 156,144
milhões no âmbito do programa.
O diretor disse que três prefeituras do PT e outras 17 da base aliada relacionadas pela Folha como
beneficiárias de aprovações de recursos do banco neste ano não
constavam de sua lista.
Mas os dados utilizados pela reportagem da Folha foram fornecidos, por e-mail, pela assessoria
de imprensa do BNDES na manhã do dia 8 deste mês. A apuração dos partidos que governam as
prefeituras foi feita pelo jornal.
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