São Paulo, quarta-feira, 14 de julho de 2004

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OSSOS DO OFÍCIO

Eleitora pergunta a Maluf se "rouba, mas faz" será o slogan da campanha

Vendedora constrange ex-prefeito

DA REPORTAGEM LOCAL

Em campanha pelo centro de São Paulo, Paulo Maluf (PP) passou por um constrangimento ontem ao puxar conversa com uma vendedora de loja.
Marisete dos Santos, 28, estava parada em frente à loja de roupas onde trabalha quando o ex-prefeito se aproximou: "Oi minha linda, tudo bem?".
Estimulada por assessores do candidato do PP, Marisete perguntou qual era o slogan de Maluf para esta campanha.
Sorrindo, Maluf respondeu: "O bom prefeito está voltando". Sem pestanejar, a vendedora respondeu: "Ah, eu pensei que fosse o "rouba, mas faz'".
Maluf fechou o semblante, não respondeu e continuou a andar pela calçada. Aos repórteres, Marisete, que afirmou votar no PT, disse ter pensado que o "rouba, mas faz" era o slogan de Maluf na campanha de 2000, quando ele perdeu a prefeitura para a petista Marta Suplicy.
Alguns minutos depois do incidente, Maluf encontrou sua redenção. O aposentado Roberto Gonçalves Fraga se aproximou do ex-prefeito e afirmou: "Apesar de eu não precisar votar, tenho 73, voto só para defender Maluf." Dirigindo-se aos repórteres, Maluf perguntou: "Tomou nota, tomou nota?".
Em uma outra loja, Maluf tirou seu telefone celular do bolso, disse que não estava funcionando, mas mostrou como consertá-lo quando o problema é de mau contato. Ele abriu o aparelho, passou um pouco de saliva no metal de conexão entre a bateria e o aparelho e, depois, mostrou que o telefone voltou a funcionar.
Satisfeito, Maluf saiu da loja e parou em uma barraca de camelô que vendia óculos espelhados. Pegou um deles, que imitava um Oakley, colocou no rosto e, voltando-se aos fotógrafos, perguntou, rindo: "É isso o que vocês querem, né", disse.

Rouba, mas faz
Na campanha ao governo paulista de 1998, o programa eleitoral de Maluf, dirigido pelo marqueteiro Duda Mendonça, trouxe uma mulher com o seguinte discurso: "Sabe, eu não acho que o Maluf seja nenhum santo. Mas ele, pelo menos, quando chega lá, senta e faz. Não é isso que a gente quer?".
Questionado na época se o slogan estava admitindo o "rouba, mas faz", Maluf respondeu: "Meus pecadinhos não são políticos nem de administração. São alguns pecadinhos venais que devo ter, como você tem. Há 31 anos estou na vida pública exatamente porque sempre fui um homem honesto e correto".


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