São Paulo, quarta-feira, 14 de julho de 2004

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INTELIGÊNCIA

Presidente também ataca publicação de dados não-comprovados

Lula critica os arapongas que "vazam" informações sigilosas

Alan Marques/Folha Imagem
O novo diretor-geral da Abin, Mauro Marcelo de Lima e Silva


WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao dar posse ontem ao novo diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Mauro Marcelo de Lima e Silva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o uso de informações confidenciais por arapongas com o objetivo de obter vantagens pessoais e a publicação de acusações baseadas em dados sigilosos -o que chamou de denuncismo.
"Muitas vezes nós vemos personalidades políticas, intelectuais, empresariais, sindicais, mesmo no meio de vocês [da Abin] ou na Polícia Federal ou na Receita Federal, figuras que são difamadas pela imprensa por informações precipitadas, com o nome achincalhado pelos quatro cantos do país. Depois, não se prova nada e ninguém pede desculpa pelo estrago que foi feito à imagem da pessoa, à imagem da família e à imagem do Estado brasileiro", discursou Lula.
Ignorando que o PT na oposição várias vezes acusou adversários políticos sem apresentar provas, o presidente afirmou que "uma denúncia só pode se tornar pública quando estiver embasada em fatos verdadeiros e totalmente comprovados, senão isso passa a ser difamação".
Em muitos momentos do discurso, Lula cobrou profissionalismo por parte dos arapongas da Abin. "Pobre do ser humano que, compondo uma instituição de Estado, resolva fazer das informações que obtém um degrau para subir à custa dessas informações. O grande profissional tem que utilizar as informações que obtém a serviço do Estado brasileiro, e não a serviço da sua promoção pessoal".
E continuou: "Vocês não devem, no exercício da função, pertencer a nenhum partido político, a nenhuma crença religiosa e quem sabe nem dizer o time pelo qual torcem".
Lula também disse que o governo vai tratar a agência como uma instituição "necessária às decisões estratégicas do Estado brasileiro".
Desde que a Abin foi criada, em 1999, não se tem notícia de nenhuma decisão estratégica do governo que tenha sido orientada pela agência.
Em seu discurso, o novo diretor-geral disse que aposta numa trégua entre facções internas da Abin.

Militares
No final, o presidente Lula elogiou os militares -a Abin está subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional, chefiado por um ministro militar, o general Jorge Félix.
"Eu passei parte da minha vida respondendo como eu iria conviver com os militares. Toda vez que eu estava perto de ganhar uma eleição alguém dizia: "eles não vão deixar". E hoje estou consciente do profissionalismo, da dedicação e do patriotismo que vocês têm."


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