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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/MALA SUSPEITA
Bilhete aéreo do filiado do PT detido com mala de dinheiro em São Paulo foi vendido por agência de turismo que atende a Assembléia do
Ceará
Assessor comprou passagem para petista
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Complicou-se ainda mais a situação do deputado estadual José
Nobre Guimarães (PT-CE), irmão do ex-presidente do PT José
Genoino. Depois de ver seu então
assessor José Adalberto Vieira ser
preso na última sexta com R$ 200
mil em uma mala e US$ 100 mil
dentro da cueca, Guimarães tem
um outro assessor envolvido no
episódio: José Vicente Ferreira.
Foi ele quem pagou a passagem
aérea utilizada por Adalberto para pegar a mala de dinheiro.
Ferreira emitiu um cheque no
valor de R$ 394,55. O tíquete foi
adquirido na mesma agência que
fornece passagens para a Assembléia do Ceará. Em entrevista ao
"Jornal Nacional", da TV Globo, o
deputado afirmou ontem que
Adalberto e Ferreira planejavam
abrir uma locadora de veículos
com o dinheiro, que, ainda segundo Guimarães, pertencia a Kennedy Moura, outro ex-colaborador seu (leia texto nesta página).
Quando foi preso no aeroporto
de Congonhas, em São Paulo,
Adalberto disse, inicialmente, que
o dinheiro era proveniente da
venda de verduras e legumes.
Mas, de acordo com o auto de
prisão em flagrante da Polícia Federal, ao qual a Folha teve acesso,
o então assessor, que foi exonerado do cargo, dá outra versão, que
contradiz a de seu ex-chefe. Ele
disse que o dinheiro seria entregue a um advogado e comerciante
de Aracati, interior do Ceará,
identificado como João Moura.
Ao passar a mala pela esteira de
raios X, Adalberto foi questionado pelas operadoras do aparelho
sobre uma "coloração estranha"
detectada em sua valise. Segundo
o auto, o ex-assessor afirmou que
se tratava de R$ 80 mil. As operadoras chamaram a Polícia Federal. Para o agente Jamil Abdallah
Ismael Rina, o petista repetiu a
mesma história, logo desmentida.
Conforme o auto, os US$ 100
mil foram encontrados "presos às
nádegas" do ex-assessor.
Ligações
Kennedy Moura, o suposto dono do dinheiro segundo o irmão
de Genoino, foi assessor de Guimarães na Assembléia e indicado
por ele para ocupar a chefia de gabinete do presidente do Banco do
Nordeste, Roberto Smith.
Moura pediu demissão do cargo anteontem e, desde então, foi
considerado foragido.
Segundo a Polícia Federal, uma
das últimas ligações feitas do celular de Adalberto foi para Moura,
que se apresentou ontem à Polícia
Federal em Fortaleza para dizer
que não está foragido.
Ao lado de seu advogado Paulo
Quesado -o mesmo que defende
o juiz Pedro Percy Barbosa Araújo, acusado de matar o vigia de
um supermercado em Sobral
(CE), em fevereiro deste ano-,
Moura se apresentou e entregou à
PF seus dados para ser localizado.
Segundo a PF, ele se colocou à
disposição para esclarecimentos,
porém, não prestou depoimento.
Kennedy Moura tem relações
antigas com petistas. A atual presidente do PT no Ceará, Sônia
Braga, é sua ex-mulher. Ele também é ligado ao prefeito de Quixadá, Hilário Marques, de quem foi
secretário de Finanças em sua primeira gestão (1993-96). Quando
Marques foi deputado estadual,
Moura foi seu assessor, juntamente com o irmão de Genoino.
Moura também foi nomeado tesoureiro do PT cearense no período em que Guimarães foi presidente estadual do partido. Ele
passou pouco tempo na função,
entre 1998 e 1999, e foi substituído
por "problemas de gestão".
(CHICO DE GOIS, KAMILA FERNANDES E RUBENS VALENTE)
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