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Relação entre Valério e Guedes será investigada
GILMAR PENTEADO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O procurador da Fazenda Nacional Glênio Guedes é alvo, desde ontem, de uma investigação do
Ministério Público Federal para
apurar suspeitas de corrupção e
improbidade administrativa.
A Procuradoria da República no
Distrito Federal vai investigar os
atos de Guedes no Conselho de
Recursos do Sistema Financeiro
Nacional e as relações do procurador da Fazenda com o empresário mineiro Marcos Valério de
Souza Fernandes, apontado como um dos principais operadores
do "mensalão" -suposto pagamento de mesada a parlamentares para votar a favor do governo.
Aberta ontem, a investigação
contra Guedes vai ser chefiada pela procuradora da República Michele Travassos. Guedes foi afastado do conselho e também é alvo
de uma sindicância. Ainda não foi
marcada a data para ele ser ouvido pelos procuradores.
Segundo o que a Folha adiantou
no último dia 7, o procurador da
Fazenda recebeu em sua conta depósitos feitos pelas empresas de
Marcos Valério. Relatórios do
Coaf (Conselho de Controle de
Atividades Financeiras) encaminhados à CPI dos Correios mostram que, em maio deste ano, a
empresa Tolentino & Melo Assessoria Empresarial, da qual
Marcos Valério é sócio, fez uma
transferência de R$ 500 mil para
uma conta no BankBoston da
qual Guedes é co-titular.
A conta do procurador da Fazenda recebeu da mesma empresa, em 2003, outra transferência
eletrônica no valor de R$ 782 mil.
No mesmo ano, houve outro depósito no valor de R$ 120 mil.
Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária de Marcos Valério, disse à CPI dos Correios que a conta
do celular de Guedes era paga pelo empresário mineiro, além de
outros gastos, como passagens
aéreas e diárias de hotéis.
No Conselho, Guedes tinha a
função de fazer pareceres sobre
recursos administrativos apresentados por instituições financeiras multadas pela Comissão de
Valores Imobiliários e pelo BC.
Pelo órgão, ele havia dado um parecer pelo arquivamento de um
processo aberto contra o Banco
Rural (instituição ligada a Marcos
Valério) e dois dos seus dirigentes
por supostas irregularidades.
Segundo escrituras registradas
em cartórios do Rio de Janeiro,
Guedes adquiriu, desde 2001, 12
imóveis, no valor de R$ 7,23 milhões. O rendimento médio mensal de Guedes como procurador é
de R$ 9.000,00. Guedes também
vai ser ouvido na investigação da
Polícia Federal sobre o mensalão.
A reportagem tentou nos últimos dias contato com o procurador da Fazenda Nacional, mas familiares informaram, por telefone, que ele só falaria no "foro adequado". À CPI, Marcos Valério
negou as acusações. Segundo o
empresário, Guedes apenas usava
os serviços de sua secretária e
reembolsava os gastos. Rogério
Tolentino, sócio da Tolentino e
Melo, disse que as remessas da
empresa para a conta no BankBoston foram referentes ao pagamento de serviços prestados pelo
pai do procurador da Fazenda.
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