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PF faz apreensão na Receita Federal
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal abriu inquérito ontem para apurar a participação do novo corregedor-geral da
Receita Federal, Marcos Rodrigues de Mello, em dois supostos
crimes relacionados a investigações da própria Receita, segundo
a Folha apurou.
Ontem mesmo a PF cumpriu
mandados de busca e apreensão
expedidos pela Justiça Federal na
Corregedoria Geral da Receita e
tinha autorização para cumprir
no gabinete do chefe da Divisão
de Nomenclatura, Classificação
Fiscal e Origem de Mercadorias
do mesmo órgão, Cesar Dalston,
que não foi necessário.
Dalston e o novo corregedor-adjunto, Luiz Fernando Lorenzi,
teriam cometido quebra de segredo de Justiça e interceptação e seqüestro de documentos.
Segundo a Folha apurou, o Ministério Público Federal no Distrito Federal deve mover nos próximos dias ação contra os dois por
improbidade administrativa.
A ação da PF é um desdobramento da Operação Nove, desencadeada em maio deste ano para
investigar suposta fraude na importação de equipamentos para
jogos de azar. Dois meses atrás,
em cumprimento a outro mandado, a PF já havia realizado busca e
apreensão nas casas de Dalston e
de Helder Silva Chaves, chefe da
Coordenação de Tributos sobre a
Produção e o Comércio Exterior,
além de outros 17 endereços comerciais e residenciais no Distrito
Federal, em São Paulo, no Rio de
Janeiro e em Goiás.
Em agosto de 2004, a Folha revelou que a edição de uma solução de consulta (espécie de instrução normativa) da Receita teria
aberto espaço para importações
fraudulentas de máquinas eletrônicas de bingo. Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, o
esquema deveria importar 200
mil máquinas. A Receita nega. O
caso estava sob investigação do
Ministério Público Federal e da
Corregedoria da Receita.
Com base no primeiro mandado de busca e apreensão da PF, a
comissão de inquérito da Receita
encarregada das investigações,
instaurada pelo ex-corregedor-geral do órgão Moacir Leão, preparou relatório sigiloso a pedido
da Justiça Federal. Somente os integrantes da comissão de inquérito tinham autorização para manusear os documentos.
No entanto, após a conclusão do
relatório para envio à Justiça, o
corregedor-adjunto da Receita
Federal confiscou os papéis e se
recusou a devolvê-los aos integrantes da comissão de inquérito,
impedindo-os de remeter o documento para a Justiça.
O novo corregedor e sua equipe
assumiram seus postos no mês
passado, após o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, ter
preferido não manter Moacir
Leão no cargo. O ministro o substituiu no meio de uma investigação sobre suposto esquema de
venda de legislação dentro da Receita que beneficiaria empresas
privadas.
Um dos auditores investigados
pela Corregedoria, Sandro Martins, estava lotado até março de
2003, quando o caso estourou, no
gabinete de Rachid. Na administração do ex-secretário da Receita
Federal Everardo Maciel, Martins
ocupou diversos cargos de confiança, inclusive com a função de
preparar pareceres que serviriam
de base para redação de legislação
tributária.
O mandato de Leão terminou
no mês passado, mas poderia ser
renovado por mais três anos. Palocci, no entanto, optou por indicar o nome escolhido por Rachid
para ocupar a Corregedoria da
Receita Federal.
A reportagem da Folha de agosto do ano passado revelou que havia fraude no pedido que deu base
à edição da norma da Receita que
teria beneficiado os importadores
de máquinas de bingo.
Em depoimento à Corregedoria
da Receita, o presidente da Febralot (Federação Brasileira das Empresas Lotéricas), Paulo Leonel
Michielon, afirmou que sua assinatura havia sido falsificada. A
Receita decidiu então anular o ato
criado em dezembro de 2002.
(LEONARDO SOUZA E FERNANDO ITOKAZU)
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