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Ofício liga Secom a empresa de Valério
RUBENS VALENTE
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ofício enviado pelos Correios
para a SMPB Comunicação, empresa de Marcos Valério Fernandes de Souza, revela que a Secom
(Secretaria de Comunicação de
Governo e Gestão Estratégica)
tem participação direta na contratação de outra empresa do publicitário, a MultiAction, em eventos
promovidos pelos Correios.
Outros ofícios em poder da CPI
dos Correios mostram que uma
auditoria da empresa detectou a
ausência de comprovantes de gastos da SMPB em evento bancado
pelos Correios no primeiro semestre de 2004 e "inconsistência
das propostas" para escolha de
empresas terceirizadas.
A contratação da MultiAction,
com recursos públicos, é feita pela
SMPB, que terceiriza os serviços
de eventos para outra empresa do
próprio grupo de Valério.
O ofício que cita a Secom, de
março de 2004, desmonta a tese
defendida pela secretaria em nota
oficial divulgada no último dia 22,
que dizia: "A licitação, a assinatura, a execução e o acompanhamento dos contratos são processos de responsabilidade exclusiva
do órgão ou entidade licitante".
A MultiAction Entretenimentos
Ltda., sediada em Belo Horizonte
e com filial em Brasília, é a empresa de Valério especializada em
eventos e movimentou, segundo
a Receita Federal, R$ 40,2 milhões
entre 2000 e maio de 2005.
Um dos funcionários da MultiAction em Brasília é Telma Silva,
mulher do diretor de eventos da
Secom Marco Antônio da Silva.
Ele foi, por 20 dias, representante
da Secom da comissão de licitação dos Correios que escolheu a
SMPB e mais duas empresas de
publicidade dos Correios.
Na agenda de Fernanda Karina
Somaggio, ex-secretária de Marcos Valério, há pelo menos cinco
registros de almoços e jantares
entre o publicitário e o segundo
servidor mais graduado da Secom, Marcus Vinicius di Flora.
O ofício foi expedido pelo chefe
do Departamento de Comunicação e Marketing dos Correios, José Otaviano Pereira, em referência a um evento, a Paixão de Cristo, realizado em 2004.
"Sobre a possibilidade de contratação da empresa MultiAction,
caso tenha os melhores preços e
condições para a realização da
ação promocional no evento Paixão de Cristo, informamos que
não há contestação de nossa parte, desde que também haja a aprovação da Secom", diz o ofício.
Outro ofício enviado pelos Correios à CPI, assinado também por
Otaviano Pereira, mostra que a
SMPB não vinha cumprindo um
princípio básico na escolha dos
fornecedores para realização de
eventos e ações.
"Em auditoria interna dos Correios constatou-se que nos orçamentos solicitados a fornecedores
constam especificações diferentes
para uma mesma ação, bem como a falta dos três orçamentos,
conforme previsto", diz o ofício,
de 9 de setembro de 2004.
Ontem, a assessoria de imprensa da secretaria afirmou que o órgão "só aprova a planilha de custos" das empresas terceirizadas,
mas não considera isso "participar da escolha". Segundo a Secom, "quem escolhe o fornecedor
é o órgão, via agência".
A assessoria dos Correios informou que 2% ou 3% do total de
gastos não costumam ser comprovados pelas agências de publicidade, mas são "regularizados
após cobranças". Sobre a participação da Secom na escolha da
MultiAction, os Correios confirmaram que o aval da secretaria
para escolha dos fornecedores é
um impositivo legal.
A SMPB afirmou que as notas
fiscais ausentes "já foram providenciadas".
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