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O tesoureiro afastado do PT, Delúbio Soares, depõe à PF, na sexta
Silvio nega nomeações nos Correios
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário-geral afastado do
PT, Silvio Pereira, disse em depoimento à Polícia Federal que não
teve nenhuma participação na escolha de nenhum dos diretores
dos Correios. Também na última
sexta-feira, em São Paulo, prestou
depoimento à PF o tesoureiro
afastado do PT, Delúbio Soares.
Da mesma forma que Silvio,
Delúbio afirmou ter se reunido
com o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza em hotéis
de São Paulo e Brasília, se explicar, no entanto, o motivo. Valério
foi apontado como o "operador"
do suposto "mensalão".
A negativa de Silvio conflita
com a versão apresentada pelo ex-diretor de Tecnologia da estatal
Eduardo Medeiros à CPI dos Correios anteontem. Medeiros atribuiu a Silvio a sua indicação, que
teria como base critérios técnicos.
Medeiros, ontem, disse que Silvio
poderia tê-lo indicado, mas não
quis confirmar a indicação.
No depoimento à PF, o petista
confirmou ter se encontrado com
Medeiros apenas duas vezes: em
um jantar em Brasília e em um café em São Paulo. Contatos por telefone teriam sido feitos somente
para agendar os encontros.
Silvio disse que coube a ele o papel de homem do PT para apresentar ao governo os nomes destinados a ocupar cargos na administração pública. Cada partido
da base aliada teria o seu próprio
representante para a mesma missão destinada a Silvio.
A missão teria sido confiada a
ele com o objetivo de, por meio
das nomeações, administrar os
"conflitos surgidos na base aliada
devido à disputa" pelos cargos.
Segundo Silvio, as nomeações,
no entanto, "eram de responsabilidade exclusiva do governo".
Silvio disse à PF que nunca intercedeu em nenhum órgão público em favor de empresas. Admitiu, porém, ter se encontrado
com uma pessoa chamada "Dumont", representante da Skymaster, que é uma das operadoras da
Rede Postal Noturna dos Correios. O Tribunal de Contas da
União e a Corregedoria Geral da
União apontaram irregularidades
nos contratos. A reunião teria sido no hotel Sofitel, em São Paulo.
Para marcar o encontro, o representante da Skymaster teria
dito que queria falar sobre problemas que vinham sendo causados
por um petista. Silvio afirmou que
percebeu que o propósito do empresário era reclamar dos Correios e decidiu abreviar o diálogo.
O secretário-geral afastado afirmou à PF ainda que "nunca atuou
ou exerceu nenhuma função na
direção do PT relacionada à arrecadação e administração de fundos partidários ou contribuições
eleitorais" e que "não possui nenhuma conta bancária no exterior
ou fez remessa de valores para
instituições financeiras".
Conforme registrado em ambos
os depoimentos, Marcos Valério
tinha intenção de ocupar o lugar
de marqueteiro político do PT, o
que não se concretizou porque o
posto ficou para o publicitário
Duda Mendonça.
De acordo com as declarações
de Delúbio, Valério teria aberto
para os petistas as portas de pelo
menos uma empresa, a Usiminas,
que foi visitada pelo tesoureiro
afastado também na companhia
do ex-presidente da legenda José
Genoino.
O tesoureiro afastado disse que
"nunca solicitou ou determinou
que Marcos Valério [a quem chama de amigo] fizesse pagamentos
a nenhuma pessoa" e que "não
possui nenhuma transação comercial com" o empresário.
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