São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 2005

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O tesoureiro afastado do PT, Delúbio Soares, depõe à PF, na sexta

Silvio nega nomeações nos Correios

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O secretário-geral afastado do PT, Silvio Pereira, disse em depoimento à Polícia Federal que não teve nenhuma participação na escolha de nenhum dos diretores dos Correios. Também na última sexta-feira, em São Paulo, prestou depoimento à PF o tesoureiro afastado do PT, Delúbio Soares.
Da mesma forma que Silvio, Delúbio afirmou ter se reunido com o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza em hotéis de São Paulo e Brasília, se explicar, no entanto, o motivo. Valério foi apontado como o "operador" do suposto "mensalão".
A negativa de Silvio conflita com a versão apresentada pelo ex-diretor de Tecnologia da estatal Eduardo Medeiros à CPI dos Correios anteontem. Medeiros atribuiu a Silvio a sua indicação, que teria como base critérios técnicos. Medeiros, ontem, disse que Silvio poderia tê-lo indicado, mas não quis confirmar a indicação.
No depoimento à PF, o petista confirmou ter se encontrado com Medeiros apenas duas vezes: em um jantar em Brasília e em um café em São Paulo. Contatos por telefone teriam sido feitos somente para agendar os encontros.
Silvio disse que coube a ele o papel de homem do PT para apresentar ao governo os nomes destinados a ocupar cargos na administração pública. Cada partido da base aliada teria o seu próprio representante para a mesma missão destinada a Silvio.
A missão teria sido confiada a ele com o objetivo de, por meio das nomeações, administrar os "conflitos surgidos na base aliada devido à disputa" pelos cargos.
Segundo Silvio, as nomeações, no entanto, "eram de responsabilidade exclusiva do governo".
Silvio disse à PF que nunca intercedeu em nenhum órgão público em favor de empresas. Admitiu, porém, ter se encontrado com uma pessoa chamada "Dumont", representante da Skymaster, que é uma das operadoras da Rede Postal Noturna dos Correios. O Tribunal de Contas da União e a Corregedoria Geral da União apontaram irregularidades nos contratos. A reunião teria sido no hotel Sofitel, em São Paulo.
Para marcar o encontro, o representante da Skymaster teria dito que queria falar sobre problemas que vinham sendo causados por um petista. Silvio afirmou que percebeu que o propósito do empresário era reclamar dos Correios e decidiu abreviar o diálogo.
O secretário-geral afastado afirmou à PF ainda que "nunca atuou ou exerceu nenhuma função na direção do PT relacionada à arrecadação e administração de fundos partidários ou contribuições eleitorais" e que "não possui nenhuma conta bancária no exterior ou fez remessa de valores para instituições financeiras".
Conforme registrado em ambos os depoimentos, Marcos Valério tinha intenção de ocupar o lugar de marqueteiro político do PT, o que não se concretizou porque o posto ficou para o publicitário Duda Mendonça.
De acordo com as declarações de Delúbio, Valério teria aberto para os petistas as portas de pelo menos uma empresa, a Usiminas, que foi visitada pelo tesoureiro afastado também na companhia do ex-presidente da legenda José Genoino.
O tesoureiro afastado disse que "nunca solicitou ou determinou que Marcos Valério [a quem chama de amigo] fizesse pagamentos a nenhuma pessoa" e que "não possui nenhuma transação comercial com" o empresário.


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