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Sanguessugas utilizaram emenda de relator da CPI
Suposto líder do esquema, no entanto, isenta senador de responsabilidade pela fraude
Amir Lando destinou R$ 150 mil a ações de saúde em Rondônia; dinheiro acabou usado para a compra de três ambulâncias pela Planam
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma emenda ao Orçamento
da União apresentada pelo relator da CPI dos Sanguessugas,
senador Amir Lando (PMDB-RO), foi usada no esquema de
venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras do país.
Três veículos foram adquiridos por cidades de Rondônia
devido à emenda, mas o empresário Darci Vedoin -apontado
como líder da quadrilha- disse
à CPI que Lando não participava do esquema de corrupção.
Segundo a Polícia Federal e o
Ministério Público, alguns parlamentares tiveram, à revelia,
emendas monitoradas ou usadas por membros do esquema.
A de Lando, de R$ 150 mil, foi
apresentada em 2003, destinada a ações de saúde em Presidente Médici (RO). A emenda
só foi executada em 2004,
quando Lando era ministro da
Previdência.
A informação de que uma
emenda do relator da CPI foi
usada pela quadrilha surgiu anteontem no depoimento de
Darci Vedoin -dono da Planam, empresa que chefiaria o
esquema- à comissão.
A Folha teve acesso ao trecho da gravação do depoimento em que o empresário é questionado sobre emendas. "Muito foi feito de Rondônia, inclusive uma emenda sua, senador", disse Vedoin, dirigindo-se
a Lando. Sem demonstrar surpresa, o relator continuou os
questionamentos. "Tenho uma
emenda, que foi, casualmente,
inclusive, tomada de preços, e a
Planam ganhou. Mas o sr. fale a
verdade se eu...".
Vedoin interrompeu: "Quando digo que é sua, não é entre
aspas", afirmou. Em trecho anterior, o empresário afirmou:
"Pelo amor de Deus, estou te
conhecendo agora..."
À Folha Lando negou ter
apresentado emenda para
compra de ambulância "e sim
para ações de saúde". "Envolveram meu nome por disputa
política." O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) disse ter
conhecimento da emenda. "Ao
assumir a relatoria, ele [Lando]
nos contou. Por isso, tem nosso
apoio e confiança."
O presidente da CPI, Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), recebeu ontem a lista de 42 parlamentares contra quem o Ministério Público solicitou abertura de inquérito. Ele espera
divulgá-los na próxima semana, com o de 15 parlamentares
contra os quais já há inquéritos
abertos.
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